terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Pesquisa mapeará consumo de crack em Santos

Pesquisa mapeará consumo de crack em Santos

Objetivo do estudo é contribuir para a construção de políticas públicas de prevenção e assistência adequadas à realidade local

Santos, 20 de dezembro de 2010 – O campus Baixada Santista realizará em 2011 uma ampla pesquisa para identificar o perfil dos usuários de crack em Santos e os locais onde o uso é mais freqüente.

O objetivo do trabalho é levantar as informações necessárias para a elaboração de políticas públicas de prevenção e assistência aos usuários em situação de risco naquele município.

“Antes o crack estava presente nas classes menos favorecidas, e hoje está presente em todas as classes sociais, sendo um sério problema de saúde pública. Com este estudo, poderemos pensar em tratamentos mais condizentes com a realidade do usuário de crack da região e na construção de políticas consoantes com esta realidade”, diz a professora Dra. Adriana Marcassa Tucci, do Departamento de Saúde, Educação e Sociedade da Unifesp Baixada Santista, coordenadora do projeto.

A pesquisa, prevista para ser realizada no decorrer de 2011, deverá reunir 12 alunos de todos os cursos de graduação da Unifesp Baixada Santista (Psicologia, Nutrição, Terapia Ocupacional, Serviço Social, Educação Física e Fisioterapia).

As entrevistas e aplicação de questionários serão realizadas em diferentes locais no município, como, por exemplo, nas ruas da cidade, em ONGs que tratam dependência de substâncias psicoativas, e nas unidades do Centro de Atenção Psicossocial existentes em Santos.

Denominado “Mapeamento e Perfil de Usuários de Crack no Município de Santos”, o projeto é um dos contemplados pelo Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (Pet Saúde) – Saúde Mental para 2011. O programa é realizado por meio de parceria entre a Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES); Secretaria de Atenção à Saúde (SAS) e Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), do Ministério da Saúde, e pela Secretaria de Educação Superior (SESU), do Ministério da Educação (MEC). O projeto tem ainda o apoio da Secretaria Municipal de Saúde de Santos, por meio da Coordenadoria de Saúde Mental do município.
Fonte: http://dgi.unifesp.br/comunicacao/noticias.php?cod=7929

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Variabilidade & Los Hermanos & Matheus Bellini

Criatividade! Variabilidade é o tema dessa postagem.

"No âmbito comportamental, a variabilidade pode ser função de diferentes processos como, por exemplo, alguns estados fisiológicos alterados por drogas, lesões ou patologias diversas (Devenport, 1983). Além disso a variabilidade comportamental pode ser função de processos decorrentes da interação do organismo com seu meio ambiente. Como os demais fenômenos comportamentais, o da variabilidade pode ser considerado de duas perspectivas distintas: a do seu aparecimento inicial e a da sua manutenção. O aparecimento e a manutenção são mencionados de modo usual, embora às vezes confuso, como variação e seleção do comportamento, respectivamente, entendidos como processos complementares, necessários ambos à adaptação e sobrevivência dos indivíduos." link: MARIA HELENA LEITE HUNZIKER

No vídeo abaixo a variabilidade aparece na música e me sinto obrigado a divulgar com a intenção não só de compartilhar, mas também de reforçar o comportamento dos músicos para que continuem variando. Parabéns Matheus Bellini.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Facebook torna as pessoas mais sociais + Video


24 de novembro de 2010

Por Agências

Diferentemente do que diz o senso comum, redes sociais como o Facebook não enfraquecem os laços pessoais entre pessoas, mas os fortalece de forma singular em diferentes idades, segundo uma nova pesquisa.

O rápido crescimento do Facebook, que hoje tem mais de 500 milhões de usuários em todo o mundo, gerou preocupações sobre os efeitos negativos das redes sociais, porém pesquisadores da Universidade do Texas chegaram a uma conclusão diferente.
“Nossas descobertas indicam que o Facebook não está substituindo interações cara-a-cara entre amigos, família e colegas”, disse S. Craig Watkins, professor de rádio, TV e cinema que chefiou o estudo.
“Na verdade, acreditamos que há evidências suficientes de que as mídias sociais dão oportunidade a novas formas de expressão de amizade, intimidade e comunidade.”
Os pesquisadores entrevistaram 900 estudantes universitários e jovens recém-formados sobre como e com quem interagem no Facebook.
Mais de 60% dos usuários do Facebook afirmaram que atualizações de status estavam entre as atividades mais populares.


Bernd Debusmann Jr (REUTERS)

Fonte: http://blogs.estadao.com.br/link/facebook-torna-as-pessoas-mais-sociais-diz-estudo/


Bom Dia Brasil - coluna Coisas do Gênero: As armadilhas e prazeres do universo digital por bigdigo no Videolog.tv.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Agir e Pensar: Tricotilomania - mania de arrancar cabelos

Especialistas pedem atenção a portadores de mania de arrancar cabelos

Instituto britânico diz que médicos resistem em reconhecer gravidade de distúrbio, conhecido como tricotilomania.

Da BBC
Paciente com tricotilomania.
Paciente com tricotilomania. (Foto: BBC)

Especialistas britânicos defendem que os serviços públicos de saúde deveriam oferecer mais ajuda para pessoas que sofrem de tricotilomania - o impulso incontrolável de arrancar fios de cabelo e pelos.
Caracterizada como um distúrbio no controle de impulsos - como, por exemplo, a cleptomania e o vício em jogatinas - o problema afeta 1% da população britânica. Muitos dos pacientes de tricotilomania não se dão conta de que estão arrancando os cabelos. A mania deixa muitos com grandes falhas no seu cabelo.
Acredita-se que entre suas causas estejam ansiedade, depressão e estresse.
Para o Instituto Britânico de Tricologistas - especialistas que lidam com problemas no couro cabeludo - as pessoas que sofrem do distúrbio não estão recebendo a atenção devida.
Os especialistas dizem que estas pessoas precisam de ajuda psicológica mais rápida e acessível, como terapia cognitiva e e comportamental.

Rede protege cabelo de paciente.
Rede protege cabelo de paciente. (Foto: BBC)

Marilyn Sherlock, presidente do instituto, disse à BBC que a reação mais comum dos médicos aos casos de tricotilomania é 'pare, simples. apenas não faça mais isso'. 'Geralmente, os problemas com cabelo não ameaçam a vida (do paciente)', disse. 'Por esta razão, eles (os médicos) tendem a não tratar com tanta seriedade. (Mas) é um problema bem mais grave, pois é tão visível.'

Um caso típico é o de Emily, de 19 anos, que começou a apresentar os sintomas do problema aos nove anos de idade. 'Meu rendimento escolar caiu e os professores começaram a notar meu comportamento. Eles chamaram minha mãe e contaram que eu andava arrancando meus cabelos', afirmou.
A jovem foi colocada em uma lista de espera e, depois, encaminhada a um psicólogo. No entanto, ela afirmou que seu problema não foi totalmente compreendido.

Emily ficou em uma lista de espera para conseguir tratamento.
Emily ficou em uma lista de espera para conseguir tratamento. (Foto: BBC)

'Quando eu estava crescendo foi muito difícil, pois meus amigos, ok, eles tinham as questões deles, mas o cabelo deles sempre estava bom', afirmou.
'Em um certo momento (meu cabelo) estava tão desigual, que minha mãe tinha que colocar fitas e amarrar. Eu tinha que colocar presilhas em todos os lados da minha cabeça. Não parecia normal, mas era a única forma de disfarçar', afirmou.

Tratamento
Poucos tratamentos são financiados pelo serviço público de saúde. Segundo Marilyn Sherlock, do Instituto Britânico de Tricologistas, uma forma de começar a ajudar é descobrir sobre os hábitos das pessoas que arrancam os cabelos. 'Acontece enquanto eles assistem à TV ou quando estão lendo um livro? Podemos descobrir formas de distraí-los, para que as mãos deles fiquem ocupadas, fazendo outras coisas', disse.
Graham Archard, do Colégio Real de Clínicos Gerais, está surpreso com o fato de que as queixas dos pacientes não estão recebendo a atenção devida. O médico afirma que apenas falar para o paciente 'pare com isso' não é o bastante. 'Se um médico está falando isso para um paciente, meu conselho é encontrar outro clínico geral, encontrar alguém que realmente vá ouví-los', disse.
Lucinda Ellery, que gerencia uma rede de salões de beleza especializada em tratamentos para perda de cabelos, atende centenas de meninas todos os anos. Ela afirma que a maioria das meninas que atende gastam milhares de libras nos tratamento.

FONTE: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2010/11/especialistas-pedem-mais-atencao-para-portadores-de-mania-de-arrancar-cabelos.html

domingo, 7 de novembro de 2010

Agir e Pensar: In Treatment - 3a Temporada

por Pedro Quaresma Cardoso

Confira a notícia da Folha de hoje sobre a excelente série In Treatment. Vale a pena conferir.

"In Treatment" volta com novos pacientes
DE SÃO PAULO

Enquanto na TV aberta, o segredo de Gerson, da novela "Passione", mantém o público com os olhos grudados no divã do doutor Flávio Gikovate, nos canais pagos as atenções estão voltadas para outros pacientes.
A série "In Treatment" (Em tratamento), que estreou sua terceira temporada há duas semanas nos EUA, tem o desafio de caminhar com as próprias pernas.



Aclamado pela crítica e vencedor de prêmios como o Emmy e o Globo de Ouro, o seriado teve os roteiros das duas primeiras temporadas adaptados de um sucesso da televisão israelense. O original, contudo, teve apenas duas temporadas.
Na novo ano, três novos pacientes do doutor Paul Weston (Gabriel Byrne) são apresentados.
São eles: Sunil, um viúvo indiano que é forçado a morar com o filho e com a nora; Frances, atriz que caiu no ostracismo, conseguiu ser escalada para uma peça, mas vive esquecendo suas falas; e Jesse, um adolescente gay que recebe uma ligação de sua mãe biológica.

Paul também tem novidades na própria terapia. Acostumado com a doutora Gina (Dianne Wiest), que o acompanhou durante anos, ele passa a se consultar com a doutora Adele (Amy Ryan).
Assim como nas temporadas anteriores, a série mostra uma consulta por episódio. A ação quase não sai do consultório. A ideia de exibir um paciente por semana, no entanto, foi abandonada.
No Brasil, a nova temporada estará na programação da HBO em 2011, mas ainda não tem data para ir ao ar.
(VM)

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Psicologia: Nora x Sogra: Precisa ser difícil?

por Karina Alvarez

Relação com a sogra tem sempre que ser difícil? Que conflitos ocultos permeiam essa relação? Eis que o bebê nasce, a mãe passa a viver 24 horas ligada naquela criatura, o tempo vai passando e a criança vai crescendo, dificilmente a mãe se dá conta disso até ele apresentar: - Mãe, essa é a fulana, minha namorada. Namorada? Como assim, se ontem mesmo ela preparou o mingau do filhinho. E assim começa uma relação nora x sogra sujeita a chuvas e trovoadas.

Por um lado a namorada/noiva/esposa espera que o namorado/noivo/marido assuma sua própria família e do outro a sogra não admite que ele deixe seu papel de filho.
Na vida nós ocupamos diversos “cargos” pai, mãe, filho, filha, namorada, esposa, marido, tia, irmão. Isso sem falar no lado profissional. E cada uma desses papéis convivem dentro de nós. Para as mães, eles nunca deixarão de ser seus filhinhos e nem tem que deixar de ser, desde que o filhinho assuma suas responsabilidades e “cresça” quando está em uma relação, e a sua mãe incentive isso, mesmo que quando ele visite a mamãe ela faça seu pratinho na hora do almoço. E o que é que tem de mais?

É tudo uma questão de equilíbrio. Esse cabo de guerra muitas vezes é superado com concessões de ambos os lados. Existem sim muitas relações conflituosas nora x sogra, mas também há conhecimento de relações tão bonitas desse tipo que nos fazem acreditar que com um pouquinho de paciência e tolerância de ambas as partes a família tende a crescer e não rachar ao meio.

O homem fica no meio de dois pólos importantíssimos de sua vida, a mulher que ele escolheu e a mãe, nenhuma pode em absoluto ocupar o lugar da outra, isso não existe e quando se aceita essa condição tudo se torna mais fácil. Se o respeito predominar e cada uma respeitar o espaço da outra esses dois pólos não precisarão ser opostos e sim complementares.

Características pessoais de personalidade influenciam e muito nessa relação assim como em todas as outras e é exatamente nisso que deve-se estar atento, certamente o domínio que a sogra exerce sobre o filho é apenas um reflexo do seu comportamento de um modo geral.

As noras certamente não sabem como é difícil abrir mão de um filho para que ele vá viver com outra pessoa, mas elas um dia saberão, pois terão os seus próprios filhos e as sogras um dia também já passaram por situação semelhante ao se casarem com filhos de outras mulheres. Existem sogras que aprenderam com sua própria experiência e procuram fazer diferente em sua relação com as noras. E as noras, que um dia serão sogras, também terão essa oportunidade. É um ciclo sem fim. Essa é a reflexão que deve estar aberta nessa relação. Não existe vítima ou vilão apenas duas pessoas exercendo papéis da forma como a vida ensinou a elas. A receita para melhorar essa relação? Paciência, muita paciência de ambos os lados, uma pitada de bom humor, rir da vida é o melhor remédio, saber ceder as vezes e lembrar que no meio disso tudo existe um homem que não saberia escolher entre um lado e outro.


 



Relato real: Quando eu me casei todos queriam conhecer meu novo lar, inclusive a minha sogra. Eu ainda estava ajeitando a disposição dos móveis quando ela cismou que determinado móvel deveria ficar de um jeito X. Eu queria de um jeito Y e falei isso pra ela. Ela começou a contra-argumentar quando eu parei e pensei que aquilo poderia acabar em uma grande discussão, afinal eu estava na MINHA casa e ali quem manda sou eu, apenas este argumento poria fim a situação, mas eu acabaria causando um constrangimento desnecessário. Deixei ela colocar o móvel onde ela queria, quando ela foi embora eu mudei de lugar novamente. Acho que ela nunca percebeu e eu poupei toda a família de uma situação constrangedora.”
M., 28 anos, casada.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Demissão Ao Vivo vs Maria Rita Kehl: Apesar de você


Nota:
CFP repudia demissão da psicóloga Maria Rita Kehl pelo jornal O Estado de S.Paulo
No dia 2 de outubro de 2010, a psicanalista e psicóloga Maria Rita Kehl, colunista do jornal O Estado de S. Paulo publicou artigo intitulado “Dois pesos” no qual questionou a desqualificação do voto da população pobre e fez comentários sobre o programa Bolsa Família, do governo Lula. O texto gerou grande repercussão na internet e mídias sociais nos últimos dias e culminou com a demissão da colunista no dia 6 de outubro. Segundo ela, a justificativa dada pelo jornal foi que Maria Rita cometeu um “delito” de opinião.
O Conselho Federal de Psicologia (CFP) repudia a demissão de Kehl, solidariza-se a ela e externa preocupação com a atitude do Estadão que, ao demitir uma articulista que se posiciona de maneira contrária ao discurso do jornal, fere o direito à liberdade de expressão e de pensamento. Ou não é para garantir a diversidade de opiniões que os jornais, além de editoriais, publicam artigos?
A grande mídia tem acusado o governo de cercear a liberdade de expressão e o Estadão há meses questiona um processo de censura. Entretanto, a demissão da colunista expõe a fissura entre o discurso da mídia que se diz ameaçada em sua liberdade de expressão e suas práticas cotidianas, restritivas à liberdade de opinião.

Apesar de você
por Fabiana Esteca
Ultimamente temos acompanhado na mídia um festival de notícias desencontradas, omissões, distorções, nos deixando perplexos frente aos principais veículos de comunicação. Esta realidade ficou de tal modo descarada que a imprensa anda perdendo a credibilidade. O que não é de hoje, mas ganhou peso principalmente por conta das eleições e piorou com a campanha do segundo turno.
Um vídeo bastante comentado nos últimos dias, em que o jornalista Paulo Beringhs pede demissão ao vivo, por não corroborar com a posição parcial que lhe estava sendo imposta, na emissora de TV Brasil Central, de Goiás, é mais um ícone escrachado desta realidade.




            Claro que a isenção total de um posicionamento não é possível, mas o que é vergonhoso, de fato, não é a expressão de uma opinião, é não querer mostrar a integralidade dos fatos, ou mesmo vetar aqueles que mencionam outro ponto de vista. A função do jornalismo é justamente essa, apresentar os fatos, permitir que haja um debate honesto. Quando se suprime esse direito da população, beiramos o autoritarismo midiático, disfarçado e maquiado, o que é ainda mais perigoso.
            A frase de Voltaire, lembrada por Eugenio Bucci em publicação recente diz o seguinte:
            “não concordo com uma palavra do que dizes, mas defenderei até a morte o teu direito de dizê- las”
            Parece que o valor da liberdade de opinião anda mais distorcido do que nunca. Bom seria se os detentores de informação pensassem assim.
Viramos reféns de uma imprensa enviesada, que expõe uma opinião e finge que a outra simplesmente não existe. É lamentável que estejam querendo vetar nosso direito de ponderar, de debater idéias divergentes e ter um pensamento crítico. Porém, temos um instrumento poderoso, a Internet, que cria movimentos de protesto, de alcance quase viral, quando a democracia não se faz valer.  

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Agir e Pensar: Para quem só tem martelo, qualquer coisa vira prego

Folha de SP - 19/10/10 LAERTE

por Pedro Quaresma Cardoso

Mais uma do genial Laerte. Fica como tira para nossa reflexão sobre educação e acerca de nossas interações no trabalho. Muitas vezes ficamos cegos para eventos que não fazem parte de nosso repertório. Como afirma o Prof. Roberto Banaco (PUC-SP): "Quando a ferramenta que temos na mão é um martelo tudo a nossa frente vira um prego".

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Agir e Pensar: O Sonho do casamento

É hoje! Minha estréia como colunista no blog da Agir e Pensar.


Será? Leia o texto abaixo e saberá!

por Karina Alvarez
Para o primeiro texto a Agir e Pensar tenho uma missão: Escrever sobre o sonho da mulher em se casar tradicionalmente, ou seja, de branco, véu, grinalda, flor de laranjeira. Em pleno século XXI quando a independência e autonomia feminina é uma realidade incontestável, é passível de questionamento o número de casamentos tradicionais ser cada vez mais alto. Não é raro estar em um grupo de mulheres bem-sucedidas profissionalmente e o assunto da vez é o mesmo que encontrávamos em um sarau do século XIX: Casamento, tamanho de véu, usar ou não luvas...

O sonho do casamento tem um aspecto histórico, na Idade Média foi decreta uma lei que dizia que nenhum homem deveria entregar sua filha em matrimônio sem a benção de um sacerdote, como naquela época as leis da igreja ditavam o comportamento geral, isso acabou se tornando uma tradição irrevogável de forma que até hoje podemos observar a vontade da noiva em ter uma cerimônia de casamento, independente da orientação religiosa. Outro fator importante a ser considerado, os casamentos deveriam ser atos públicos e não secretos, de forma que os festejos matrimonias deixavam bem explícito um casamento. Dessa forma o sonho do casamento foi sendo transmitidos de geração a geração, tendo sido operadas muitas modificações em sua formatação de acordo com a época histórica, tradições locais e costumes religiosos, mas esses dois aspectos resistem ao tempo no imaginários das noivas: Seu casamento deve ter uma celebração religiosa e deve ser um ato público.

E é nesse ponto que chegamos num outro fato altamente relevante e influente: Os contos de fadas. Nos idos de 1800 vieram os irmão Grimm e nos trouxeram Cinderela, Branca de Neve e Rapunzel. Gerações e mais gerações de meninas aprenderam, através deles que para ser feliz para sempre é necessário achar seu Príncipe e trajar um vestido fabuloso num grande baile para toda a corte. E esse arquétipo tão antigo quanto a lenda permanece até os dias atuais e contagia um número infinito de “moças casadoiras”, não importando a idade, a crença, o nível social ou a posição que ocupa dentro da sociedade, a grande maioria delas sonha com seu dia de Cinderela onde todas as atenções serão dela.

Apenas essas observações seriam embasamento suficiente para o “Sonho de Casamento”, mas estamos no século XXI, como pode uma mulher moderna e auto-suficiente ainda querer se amarrar a um homem “forever and ever” e passar por todos as delícias e infortúnios que um casamento implica? E a resposta está dentro de cada noiva, cada uma tem seus próprios motivos e justificativas, mas aquela que se enquadra para todas elas é simples, elas são mulheres modernas, da época da tecnologia, desempenham os sem número de funções durante sua vida. Como poderiam deixar de sonhar com aquela para que foram quase que programadas geneticamente para desempenhar?


domingo, 17 de outubro de 2010

Brasil: um clima estranho - Morre em São Paulo o psiquiatra José Angelo Gaiarsa









Morreu neste sábado aos 90 anos o médico psiquiatra José Angelo Gaiarsa. Clinicou por mais de 50 anos, publicou 30 livros e por dez anos teve um quadro de televisão em que esclarecia dúvidas dos telespectadores. Foi introdutor de Carl Gustav Jung e William Reich no Brasil, psicanalistas ideólogos da revolução sexual. Seu último prêmio foi do International Academy of Child Brain Development,do Institute for the Achievement of Human Potential, decorrente de um trabalho recém concluído sobre o desenvolvimento físico, cerebral e emocional das crianças.
(www1.folha.uol.com.br)

Brasil: um clima estranho
por Fabiana Esteca

            Gaiarsa sempre manteve uma postura controversa, defendia ideais acerca da liberação sexual da mulher, questionava padrões familiares e conjugais. Dizia não se considerar polêmico, contestava o que era tido como certo a fim de desnaturalizar condições que foram cultural e socialmente estabelecidas. 
            Foi mais que um psiquiatra, teve um papel importante sobre a revolução sexual da década de sessenta, além de lutar contra tabus, como o divórcio e a virgindade antes do casamento.
            Acredito que figuras como essas contribuem no sentido de movimentar uma discussão mais embasada, ao invés de repetirmos padrões sem questioná-los. Como ele, tiveram outros ícones que sacudiram a sociedade de seu tempo, como Freud, Pagu, Leila Diniz,  entre tantos outros. À medida em que põe à prova valores e tradições, tem o poder de fazer pensar, o que é sempre rico. Como diz Calligaris, estamos em um momento em que parece que o importante é gritar uma opinião, ao invés de pensar (Folha, 14/10/10). 
            Independente da opinião que se tenha, seja da esquerda ou da direita, seja liberal ou conservador, religioso ou cético, que tenhamos consciência de nossas escolhas, que sejamos “pensantes”.
            Gaiarsa morre numa época em que paira no Brasil um clima estranho, que muito me assusta...onde nosso Estado laico e democrático parece estar se confundindo com os moldes de um modelo teocrático, confundindo religião com política, envolvendo fiéis numa discussão absurdamente descabida, que infelizmente configura apenas um oportunismo eleitoral.
            Arrisco dizer que, talvez, nosso velho Gaiarsa, após percorrer quase todo o século XX, como bem disse “por azar ou sorte”, morre de desgosto no século XXI.
                                                

terça-feira, 12 de outubro de 2010

TROPA DE ELITE E A LÓGICA DO ABSURDO

por Fabiana Esteca
Psicóloga pela PUC-SP
Especialista em terapia de casal e família
Mestranda em psicologia pela Universidade de São Paulo (USP)

 

Dizem que quando uma borboleta bate as asas em um canto do mundo do outro lado chega um furacão. Pois é, acredito que assim funciona nosso pensamento, as idéias e crenças que alimentam nossa vida tem um poderoso “efeito borboleta”. Foi assim que me senti, especialmente, ao sair do filme recém chegado aos cinemas: Tropa de Elite II, dirigido por José Padilha.
Quando nos deparamos com uma realidade muito obscura ao nosso meio de convívio nos sentimos impotentes, por não compreender a complexidade de uma questão social ou não ter controle sobre ela, ou ainda, ter dificuldade para aceitar que o mundo é injusto e algumas pessoas nascem com destinos trilhados, com azar ou sorte...
Enfim, frente a essa impotência nos deparamos com conflitos ideológicos, uma variedade imensa de opiniões e posturas políticas.
Nesse contexto, brotam programas sensacionalistas, com figuras como Datena e Wagner Montes,  a fim de explorar a vulnerabilidade de seus telespectadores e garantir a audiência. Um triste casamento. Uma sociedade com medo fica permeável à soluções simples, como por exemplo, a morte, a tortura e a lei do “aqui se faz, aqui se paga”. Se é que podemos chamar estes métodos sanguinários de solução. “Temos uma polícia cujo símbolo é uma caveira e ninguém acha estranho?” – Uma das frases do filme de Padilha.

Como psicóloga, defendo sempre a ideologia dos Direitos Humanos, porém é sempre válido refletir sobre posições contrárias  ao invés de cegamente negá-las.
O discurso presente no senso comum clama por “justiça”, atualmente quando ouço este termo fico apreensiva, pois justiça está virando sinônimo de qualquer violência legitimada como punição, quando não a própria morte.
Uma cena que representa o “bater de asas da borboleta”, em minha opinião, são os aplausos que recebe o capitão Nascimento após o assassinato de um detento do presídio Bangu I, por um dos policiais do Bope. A reverberação social nestes casos funciona como um termômetro para as autoridades acerca de como queremos que seja o mundo à nossa volta. Por enquanto perpetua-se um esquema que há muito não funciona e, talvez seja esse o melhor argumento do filme, brilhante, de José Padilha. Assista.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Tiras - Só pra descontrair














São Paulo, segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Tiras

Essa tira me lembra uma expressão que ouvi mais de uma vez, mas não tenho a mínima idéia de quem tenha dito:

"Algumas pessoas o amarão ou odiaram pelo mesmo motivo. Pelo que você é."










São Paulo, segunda-feira, 11 de outubro de 2010

sábado, 25 de setembro de 2010

Neymar pode tudo? E os outros?

Compartilho com vocês o editorial de hoje da Folha de SP. Um texto para refletir sobre o caminho que temos dado para a educação. Muitos tem aprendido que podem tudo. Dar um grito ou fazer uma birra já é o suficiente para saciar os desejos passando por cima dos direitos dos outros. O produto disso são adultos emocionalmente fracos, briguentos, pouco tolerantes à frustração e com dificuldade para se adptar a situações novas sejam elas quais forem.
por Pedro Quaresma Cardoso





RUY CASTRO

Poder tudo

RIO DE JANEIRO - O caso Neymar -jogador desrespeita colega e treinador; treinador o barra do time para puni-lo; clube fica com o jogador e dispensa o treinador- ainda pode render uma reflexão. Tem a ver com a importância histórica dos nossos clubes de futebol (e de outros esportes) na formação dos jovens brasileiros.

Já me perguntei o que teria sido de milhões desses jovens no século 20 sem o Flamengo, Fluminense, Vasco, Botafogo e os clubes de outros Estados. Não me refiro apenas aos que jogaram futebol por esses clubes, mas aos que foram acolhidos por eles para remar, correr, saltar, nadar, lutar boxe ou judô, jogar vôlei ou basquete.

Minha estimativa é que uma grande quantidade teria encontrado seu destino nas ruas, no crime e na morte violenta. Diante da ineficiência do Estado para oferecer esporte aos garotos, nisso incluído o sistema de ensino, coube aos clubes, entidades particulares, cumprir o papel. E os beneficiados não foram apenas os meninos de classe média, filhos dos associados, mas pessoas como Ademar Ferreira da Silva, que saltou pelo São Paulo e pelo Vasco, ou José Telles da Conceição, pelo Flamengo -ambos saíram da pobreza para a glória olímpica nos anos 50.

Havia um contrato mútuo: o clube se orgulhava de seus atletas e estes de pertencer ao clube. Seus dirigentes eram pais amorosos, mas severos. Os jovens aprendiam noções de hierarquia, responsabilidade e respeito. Tal atitude não se limitava aos esportes amadores, mas estendia-se ao futebol profissional.
Ao preferir a indisciplina de Neymar à disciplina de Dorival Júnior, o Santos comportou-se como os colégios que, ao ver um aluno desrespeitar um professor, demitem o professor. Como Neymar é uma figura pública, o ato do Santos sinaliza para milhões de jovens brasileiros que eles podem tudo e não devem nada a ninguém.

..:: Confira variações de comportamento do garoto Neymar ::..



FOLHA DE SP - 25/09/2010

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Formação e Trabalho em Saúde - Encontros e Contrapontos

Escrevo para informar sobre o evento "Formação e Trabalho em Saúde - Encontros e Contrapontos" em Santos. As inscrições aos debates devem ser realizados via e-mail, informado no folder em anexo. A inscrição é gratuita. Conta com a participação de profissionais de instituições como UNICAMP, Uni. Federal Fluminense e outras. Parece ser bem interessante.

mais informações: http://www.baixadasantista.unifesp.br/93_ciclo_debates_lepets.php

por Pedro Quaresma Cardoso

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Trabalho, Agressividade e Função do Comportamento

"Nós tendemos a interpretar
qualquer comportamento
rapidamente baseados
nas nossas expêriencias."

Níquel Náusea - 08/09/2010 - Folha de SP


Aí está um bom exemplo da diferença entre forma (topografia) e função de um comportamento. Nós tendemos a interpretar qualquer comportamento rapidamente baseados nas nossas expêriencias. Ao observar uma atitude ou uma frase, imediatamente são feitos julgamentos e juízos de valor muitas vezes sem considerar que o outro também tem uma história de vida e provavelmente experiências completamente diferentes. Ontem conversando com um amigo sobre o assunto fui questionado sobre o que deveria ser feito quando atacado verbalmente durante uma discussão cotidiana no trabalho. Obviamente não há atitude certa a ser tomada, mas fui enfático: "Olhe para a função da agressão!". As perguntas a serem feitas são: Por que essa pessoa está me agredindo? Há alguma outra pessoa que ela gostaria de agredir? Que ganho ou alívio essa agressão traria para o agressor? Como essa pessoa age com os outros pares no trabalho? Essa pessoa está acuada ou coagida de alguma forma? Ao responder essas perguntas a atitude adequada geralmente surge naturalmente.

Muitas vezes somos agredidos verbalmente, mas os alvos são outros. Dentre eles a ideologia da empresa, os procedimentos, jogos de poder, política ou até mesmo os superiores diretos que muitas vezes não podem ser atacados. Reagindo também agressivamente é possível alimentar os problemas cotidianos e tornar o dia-a-dia mais pesado. Resumidamente é necessário não só olhar para a forma, mas sobretudo para a função dos comportamentos. Dessa forma é possível viver mais consciente das próprias atitudes e das atitudes dos outros no convívio no trabalho.

por Pedro Quaresma Cardoso

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Glauco e as nuances comportamentais



Dificilmente fazemos algo com uma só função. As contingências são complexas e fogem da moralidade implícita nas explicações verbais dos comportamentos. Viva a diversidade das contingências. A terapia, em parte, nos ajuda a perceber as nuances de nossas atitudes para podermos agir mais conscientemente.

por Pedro Quaresma Cardoso

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

TOC - Transtorno Obsessivo Compulsivo

Preocupações, dúvidas, crenças supersticiosas, tudo isso é comum no dia a dia. No entanto, quando se tornam excessivas ou são totalmente destituídas de sentido, como por exemplo, ficar dando voltas e mais voltas no quarteirão para ter certeza de que não aconteceu nenhum acidente, é necessário ficar atento. No TOC, parece que o cérebro fica atolado num determinado pensamento ou necessidade e não consegue mais se desvencilhar. Pessoas com TOC costumam dizer que os sintomas parecem um caso de "soluço mental", que não passa. No entanto, felizmente, o tratamento pode ajudar a maioria dos pacientes com TOC. Embora somente seja totalmente curável em alguns indivíduos, a maioria das pessoas atinge um alívio dos sintomas a longo prazo com um tratamento abrangente.

Quais são os sintomas do TOC?

Os sintomas do TOC podem ocorrer em pessoas de qualquer idade. Em geral provocam angústia, consomem tempo ou interferem de maneira significativa no trabalho, na vida social e no relacionamento com a família. Geralmente envolve tanto uma obsessão como uma compulsão, embora a pessoa possa ter apenas uma ou outra. No entanto, nem todo comportamento obsessivo-compulsivo representa uma doença. As preocupações normais, como medo de contágio ou contaminação, podem aumentar em época de stress, como por exemplo quando na família há alguém que está doente ou morrendo. Somente quando persistentes, destituídos de sentido ou provocarem muita angústia e interferirem com o funcionamento do indivíduo, devem os sintomas merecer atenção clínica.

Obsessões:

As obsessões são pensamentos, imagens ou impulsos que ocorrem repetidamente e parecem estar fora de controle. A pessoa não quer ter essas idéias, considera-as perturbadoras e intrusivas e, na verdade reconhece que são destituídas de sentido. Pode haver preocupação excessiva com sujeira e germes e obsessão com a idéia de que está contaminada ou pode contaminar os outros. As obsessões vêm acompanhadas de sentimentos desconfortáveis, como medo, nojo, dúvida ou a sensação de que as coisas devem ser feitas "só desse jeito".

Compulsões:

As pessoas com TOC em geral tentam afastar suas obsessões pondo em prática algumas compulsões. As compulsões são atos que as pessoas realizam repetidamente, com freqüência seguindo certas "regras". As pessoas com obsessões de contaminação lavam as mãos constantemente, a ponto de torná-las avermelhadas e inflamadas. Uma pessoa pode ficar verificando incessantemente se desligou o fogão ou o ferro devido a um temor excessivo de incendiar a casa. Ou conta certos objetos sem parar por uma obsessão de vir a perdê-los. À diferença do jogo ou da bebida compulsivos, as compulsões do TOC não trazem nenhum prazer ao indivíduo. Pelo contrário, os rituais são realizados para obter alívio do desconforto provocado pelas obsessões.

Como é o tratamento para o TOC?

Os estudos científicos convergem para o tratamento conjunto de psicólogos com formação em terapia cognitivo-comportamental e de médicos psiquiatras. Assim, o cliente é acompanhado semanalmente pelo psicólogo e é avaliado pelo médico sobre a necessidade ou não de administração de medicamentos.

Portanto, ao constatar a presença de algum dos comportamentos mencionados acima o ideal é que procure fazer uma avaliação com profissional especializado.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

20 minutos tudo pode mudar - Malu e Fred



Recomendo fortemente o curta MALU E FRED do promissor diretor de cinema Rodrigo Bernardo. Nele a ciumenta Malu em uma discussão põe seu relacionamento com Fred por um fio. Ele então propõe a ela um jogo e a conduz a uma viagem dentro de si em que ela pode descobrir os limites do desconhecido e os pequenos valores que constituem uma relação a dois. O curta foi vencedor de 6 prêmios no 7o. Curta Santos: Melhor Som, Roteiro, Ator, Atriz, Direção e Filme.

por Pedro Quaresma Cardoso

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Experiência, provocações e trabalho em saúde

Em "Notas sobre a experiência e o saber de experiência", Jorge Larrosa Bondía nos provoca no sentido mais positivo que a palavra pode ter, pois estamos inseridos até o pescoço no mundo de experiências que ele critica. Se refere as experiências que eu chamaria de experiências passageiras ou sem significado. Principalmente ao pensar na educação a partir da díade experiência/sentido me questionei sobre quais professores realmente me fizeram experienciar, sentir e refletir. Foram os que me inseriram no conteúdo com autonomia suficiente para interagir com o conhecimento de forma a construí-lo e fazer parte dele. Foram poucos. Menos de 10 certamente.

No trabalho em saúde, principalmente quando se faz clínica, é desejável ter uma postura de interação genuína como paciente na qual suas queixas misturadas com nosso saber técnico possam construir a cura de seus males. Acredito que a experiência afetiva, genuína e sincera é primordial para se obter bons resultados. Para isso é necessário fugir das receitas e inovar sem se restringir ao consultório como as quatro paredes que fecham a sala. O consultório é o mundo. O consultório é a relação construída entre profissional da saúde e paciente. Justamente como entre professor e aluno. Caso contrário entramos no virar de páginas ao qual se refere Bondia: "nunca passaram tantas coisas, mas a experiência é cada vez mais rara".


FOLHA DE SP - São Paulo, quarta-feira, 25 de agosto de 2010


por Pedro Quaresma Cardoso

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Estafa Profissional - Burnout

       A estafa profissional apresenta-se como um problema que se inicia muitas vezes nos cursos pré-vestibulares e se extende para a vida profissional gerando alterações físicas como gastrites, bruxismo e cansaço, e comportamentais tais como abuso de álcool e drogas e transtornos de ansiedade (dentre eles o Transtorno de Pânico). É cada vez mais comum encontrar casos como os relatados no texto abaixo no consultório. Muitas vezes as perguntas a serem respondidas no início do tratamento são: Por que ajo assim? Onde quero chegar trabalhando dessa forma? Será que trabalhando assim consigo dar o meu melhor ou acabo fazendo mais do mesmo e cometendo mais erros? Quais são minhas alternativas?. Ao responder essas perguntas a motivação para tratar-se e buscar alternativas mais saudáveis de interação com o mundo podem ser construídas por meio treino de novas habilidades, enfrentamentos mais adequados e exposição à novas contingências. Não é tão simples assim, mas parece um bom começo.

por Pedro Quaresma Cardoso

ESTRESSE

Alunos de medicina sofrem de estafa física e emocional

DE SÃO PAULO - Mais de 40% dos estudantes de terceiro ano de medicina nos Estados Unidos têm sintomas moderados ou severos da síndrome do "burnout", termo que caracteriza esgotamento físico ou mental e está ligado à estafa profissional. Segundo pesquisadores da Universidade Emory, nos EUA, o resultado sugere que o problema, comum em profissionais da saúde, se desenvolve progressivamente ao longo da educação médica. Para chegar à conclusão, os autores avaliaram 249 estudantes, que responderam a perguntas de um questionário padrão. A pesquisa mostrou que os sintomas começam a se instalar já no primeiro ano -20% dos entrevistados apresentavam o problema no início da sua formação. Aqueles que relatavam maiores níveis de estresse e baixo suporte emocional tiveram o dobro de chance de apresentar altos índices de "burnout" do que os alunos que sentiam ter mais controle sobre suas vidas ou algum tipo de apoio psicológico.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/saude/sd2308201003.htm

domingo, 22 de agosto de 2010

Pensamentos - Interdisciplinaridade


Segundo Maria Lúcia Gattás, estudiosa da área, o conceito de interdisciplinaridade se caracteriza por uma atitude de postura profissional que envolve capacidade de cooperação, humildade, respeito à diversidade, diálogo e ousadia.

Tentar fazer do conceito de interdisciplinaridade uma prática diaria é um desafio para todos nós atuantes em saúde mental e afins.

por Pedro Quaresma Cardoso

sábado, 21 de agosto de 2010

Americano trata doença mental só com drogas. E os Brasileiros?

No texto abaixo fica a evidência de algo que vivemos na prática com muitos serviços de saúde no Brasil. De fato, muitos profissionais preferem tabalhar sozinhos e isso vale tanto para psiquiatras como para psicólogos.  No entanto, o tratamento medicamentoso em conjunto com a psicoterapia promove ganhos evidentes tanto para pacientes como para os profissionais que os tratam. Tenho tido boas experiências com alguns psiquiatras em Santos que privilegiam o trabalho em parceria com outros profissionais da saúde como psicólogos e terapeutas ocupacionais. Esse trabalho pode ser iniciado simplesmente com a troca de informações clínicas e de impressões técnicas sobre os pacientes em comum. Por fim, a postura interdisciplinar requer humildade para interagir com outras disciplinas para que todos saiam beneficiados. Tanto os pacientes como os prórios profissionais.

Por Pedro Quaresma Cardoso


FOLHA DE SP: 21 de agosto de 2010

Americanos que sofrem com problemas psiquiátricos estão sendo tratados mais com remédios do que com psicoterapia. Tanto a prática da terapia exclusiva quanto a da combinada com drogas caiu em dez anos, demonstra pesquisa publicada no "American Journal of Psychiatry". O estudo usou dados colhidos pelo governo dos EUA em 1998 e em 2007. Nesse período, o percentual de americanos que recebem cuidados para a saúde mental tratados só com remédios subiu de 44% para 57%. O tratamento combinado com remédios e terapia caiu de 40% para 32%. "Isso representa uma mudança dramática no tratamento da saúde mental", afirmou Daniel Carlat, professor de psiquiatria na Universidade Tufts, não envolvido com o estudo. "O mais preocupante é a queda de 20% no tratamento combinado de terapia com remédio." Esse tipo de tratamento combinado costuma ser o mais eficaz, disse o médico. Para Mark Olfson, professor de clínica psiquiátrica na Universidade Columbia, em Nova York, e um dos autores da pesquisa, esses números podem indicar um aumento no número de pessoas que recebem atendimento para saúde mental. O problema, segundo ele, é que os tratamentos oferecidos hoje podem não ser os melhores possíveis.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/saude/sd2108201001.htm

Por que Dunga não é um behaviorista

Por Maria Martha Costa Hübner em 6/7/2010

O texto intitulado "O caso do Sr. D", publicado pelo colunista da revista Veja Diogo Mainardi em 26 de junho de 2010, traz alguns equívocos sobre a tradição de psicologia chamada genericamente de behaviorismo ou psicologia comportamental. Mainardi faz a seguinte afirmação em seu texto: "Dunga só pode ser nosso B. F. Skinner. Ele faz com seus jogadores precisamente o mesmo que, nos primórdios do behaviorismo, B. F. Skinner fazia com os pombos e com os macacos de seu laboratório. Primeiro, prende-os numa gaiola. Segundo, isola-os de qualquer contato com o exterior. Terceiro, raciona seus alimentos. Quarto, condiciona seu comportamento administrando-lhes choques elétricos."

Cabe lembrar que Dunga não é um behaviorista e, consequentemente, não é um especialista do comportamento. Ele é apenas alguém que, algumas vezes, usa desavisadamente a punição, procedimento que psicólogos comportamentais combatem veementemente.

O behaviorismo é uma filosofia que embasa a ciência empírica que estuda o comportamento dos organismos, sendo esta chamada de Análise do Comportamento ou Psicologia Comportamental. Behavioristas não criaram a punição (ou mesmo os choques elétricos) e seu fundador (B. F. Skinner) é o maior inimigo de práticas coercitivas ou punitivas. As instituições sociais criaram as punições, e não os behavioristas. Como cidadãos, observamos, consternados, métodos "disciplinadores" em nossas relações econômicas, governamentais, educacionais, religiosas, entre outras. Todos nós estamos bem familiarizados com as práticas de nossa cultura, que apresenta consequências punitivas para pessoas que infringem as leis, tais como a não prestação de contas ao fisco, o não cumprimento de deveres cívicos, o desempenho insatisfatório em trabalhos escolares, ou qualquer ação que seja classificada como pecado ou erro.

Cidadãos dignos e atuantes

Os behavioristas, buscando meios de suprimir essas práticas e demonstrar seus efeitos perniciosos, pesquisam a punição com profundidade há mais de 60 anos, com robusta produção científica, denunciando veementemente as práticas coercitivas na sociedade. Mesmo em épocas de ditadura militar, analistas do comportamento não deixaram de se manifestar publicamente contra a prática da punição em nossa cultura. Maria Amélia Matos (em memória) foi uma das pessoas que o fizeram, em um artigo denominado "A ética no uso do controle aversivo", de 1982.

Temos behavioristas no Brasil reconhecidos internacionalmente, trabalhando e buscando soluções para um vasto leque de problemas humanos, sem o uso de punição. No campo da saúde, desenvolvemos tecnologias de intervenção que melhoram a vida das pessoas que sofrem dos mais diversos distúrbios. Comumente tratamos dos efeitos maléficos provocados pela punição e ensinamos nossos clientes a como efetivamente enfrentá-la. Temos terapeutas comportamentais trabalhando com pessoas deprimidas, fóbicas, ansiosas. Trabalhamos também com crianças com problema de desenvolvimento dos mais diversos. O tratamento de maior eficácia para o autismo é reconhecidamente de orientação behaviorista.

Como cientistas também preocupados com as práticas educacionais, auxiliamos na formação de melhores professores e na educação de crianças para que estas venham a se tornar cidadãos dignos e atuantes em suas comunidades. Pessoas que saibam fazer escolhas e que não venham a causar sofrimentos a outros ou a si mesmo, usando, inadvertidamente, a mesma punição que aprenderam em ambientes sociais coercitivos.

Esclarecer dúvidas e dialogar

Muitos colegas na Psicologia Comportamental trabalham em empresas, no esporte ou no planejamento de políticas sociais mais humanas. B. F. Skinner, ao seu tempo, foi um humanitário e as causas ilustradas no livro Walden II (obra bem lembrada por Mainardi) são, por assim dizer, genuinamente humanitárias. Vale lembrar que em nenhum momento desta obra de ficção o autor propõe uma sociedade totalitária. Pelo contrário, sua proposta de sociedade defende o respeito à individualidade e à liberdade individual. Aliás, o mesmo Skinner defende que, se a sociedade em que vivemos não usasse tanta punição, nem precisaríamos criar um termo como a "liberdade", já que ele seria um valor comum, e não um estado de exceção.

Em setembro próximo teremos o XIX Encontro Nacional da Associação Brasileira de Psicoterapia e Medicina Comportamental (ABPMC – www.abpmc.org.br), o maior fórum científico da área. Reunimos hoje mais de três mil pesquisadores, profissionais e alunos de graduação preocupados com a relevância social das nossas descobertas e com o rigor ético de nossas intervenções. Queremos, sim, construir um mundo mais digno. E os dados da ciência do comportamento vêm sendo profícuos em nos ensinar a como fazer isso. Mas isso depende da capacidade de nossos interlocutores superarem preconceitos históricos e ouvir o que temos a compartilhar à luz do atual desenvolvimento da Análise do Comportamento e do behaviorismo skinneriano. Basta uma rápida pesquisa nos anais de nossos Encontros para notar nossa preocupação com temas que afligem a sociedade e que poderão comprometer a sobrevivência de nossa cultura, entre os quais estão justamente as mais variadas formas de punição.

Sabemos que os termos técnicos da Análise do comportamento por vezes impedem a adequada compreensão de nossa ciência. Mas a ABPMC estará sempre de portas abertas para esclarecer dúvidas, dialogar com colegas cientistas de outras áreas e com qualquer interessado na compreensão de nossa abordagem.

[Endossam este artigo Denis Zamignani, vice- presidente da ABPMC e diretor do Núcleo Paradigma de Análise do Comportamento; Roberto Alves Banaco, membro da diretoria da ABPMC, professor titular da PUC-SP e coordenador acadêmico do Núcleo Paradigma de Análise do Comportamento; Paulo Roberto Abreu, mestrando do programa de Pós-Graduação em Psicologia Experimental da USP e associado da ABPMC; e Juliana Helena dos Santos Silvério, mestranda do Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Experimental: Análise do Comportamento da PUC-SP e associada da ABPMC]

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Estresse

Primeiramente é necessário afirmar que o stress sempre foi fundamental para a sobrevivência de nossa espécie. Humanos muito calmos morreram antes de deixar descendentes. Assim, alterações fisiológicas e comportamentais a que a pessoa é submetida em situações perigosas, como de fuga de predadores e de reação rápida a eventos perigosos, são essenciais para que o indivíduo sobreviva e passe suas características a seus descendentes. Dentre essas alterações podemos ressaltar: aumento da freqüência cardíaca, da pressão arterial, aceleração da respiração, aumento da tensão muscular, aumento da sudorese e outras.

Com relação às alterações comportamentais constatou-se que o indivíduo em estado de alerta tende a ficar atento aos fatores importantes para a resolução do problema ao qual está exposto. Seja ele, terminar uma planilha antes que o chefe reclame ou preparar um plano de fuga numa rua perigosa. No entanto, o stress se torna um problema se há manifestações desproporcionais em: intensidade, duração e freqüência em que ocorrem. Nesse caso, pode-se observar interferência no desempenho, ou seja, o indivíduo produz menos, com mais erros ou simplesmente pára de produzir. Muitas vezes a atenção deixa de ser focada no trabalho em si e é voltada para atividades sem relevância.

Além disso, pode haver paralisação momentânea em situações extremas nas quais não há ações possíveis que cessem o estímulo aversivo.Alguns sinais de que o stress está virando um problema são alterações como: dificuldade de concentração, lentificação da atividade em curso, dificuldade de aprendizagem, desmotivação, perturbações do sono, impaciência e cansaço. Nesses casos, pode haver também depressão e transtornos de ansiedade – aí é importante que se procure ajuda profissional de um terapeuta. Em outros, dependendo de algumas variáveis, pode haver concomitantemente desequilíbrios no corpo. Os mais comuns são nos sistemas cardiovascular, digestivo e imunológico.

Mas o que podemos fazer para mudar a situação quando percebemos que o stress virou um problema? Em muitos momentos não conseguimos identificar facilmente as situações que realmente nos causam estresse. Para isso, uma boa solução, é fazer terapia comportamental; mas uma boa dica é prestar atenção no nível de tensão muscular.

Músculos tensos significam stress. Tente relacionar esse estado corporal ao que está acontecendo no momento. Isso o ajudará a se tornar consciente de quais estímulos desencadeiam o stress. Existem também técnicas de relaxamento eficazes para auxiliar no desenvolvimento de consciência e controle corporal. Esse pode ser o primeiro passo na busca de um melhor manejo do stress no dia-a-dia. Além disso, é necessário que haja uma rotina saudável incluindo atividade física, lazer, boa alimentação e, depois de tudo isso, uma boa noite de sono.