quarta-feira, 18 de maio de 2011

Droga que ajusta relógio biológico é eficaz contra depressão, diz estudo



Remédio similar à melatonina, hormônio do sono, faz parte de nova classe de antidepressivos
Medicamento já é vendido no Brasil; especialistas dizem que nem todo paciente se adapta ao tratamento

JULIANA VINES
DE SÃO PAULO

Um remédio que imita a ação do hormônio do sono é eficaz contra depressão, diz revisão de estudos publicada hoje no periódico "Lancet".
A substância testada foi a agomelatina, que, por ser similar à melatonina ""hormônio que atua à noite"" ajuda a regular o relógio biológico.
Segundo os autores do estudo, pesquisadores das universidades de Sydney e Central Queensland, Austrália, existe uma relação direta entre depressão e desequilíbrio dos ritmos biológicos, marcados pelo horário e pela duração do sono e da vigília.
Uma mudança no relógio biológico pode resultar em alterações metabólicas.
Cerca de 80% das pessoas que têm depressão sofrem de alguma alteração no sono. O inverso também vale: insones têm maior chance de ter transtornos de humor.
"Até pouco tempo, pensava-se que os distúrbios do sono eram um sintoma da depressão. Hoje, sabemos que eles podem levar ao desenvolvimento da doença", afirma a psiquiatra Gisele Minhoto, professora da PUC-PR.

ANTIDEPRESSIVO
A melatonina sozinha, vendida em cápsulas no exterior e pela internet, não é um antidepressivo. A agomelatina, além ser similar ao hormônio, age no neurotransmissor serotonina, como outros antidepressivos.
De acordo com os pesquisadores, que revisaram 105 trabalhos sobre o tema, a droga é tão eficaz quanto os antidepressivos tradicionais, com a vantagem de não ter os mesmos efeitos colaterais (não causa perda de libido ou irritações gastrointestinais).
A longo prazo, os pacientes têm a metade das recaídas em relação ao grupo-controle, dizem os autores do estudo, que declararam ser patrocinados pela Servier, fabricante do Valdoxan, droga à base de agomelatina.
O remédio é vendido no Brasil por, em média, R$ 200.
"É uma nova classe de medicamentos, eficaz e com ação mais localizada. Por isso, tem menos efeitos colaterais", diz José Alberto Del Porto, psiquiatra da Unifesp.
Ele afirma que receita a droga para pacientes depressivos com alterações no sono e para os que não toleram os efeitos colaterais dos outros antidepressivos.
O neurologista John Araujo, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, diz que a droga pode causar tontura e boca seca. "É cedo para receitá-la em larga escala. É preciso fazer mais estudos."
FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/saude/sd1805201102.htm

Consumo excessivo de álcool danifica memória de jovens


Pesquisadores espanhóis descobriram que uma bebedeira pode destruir a memória de longo prazo de jovens adultos.
A informação foi publicada nesta terça-feira (17) no site do jornal britânico "The Telegraph".
Eles acreditam que o consumo abusivo de álcool torna mais difícil a construção de novas memórias, pois o hipocampo --uma área no centro do cérebro que desempenha papel-chave na aprendizagem e memória-- é muito suscetível aos seus efeitos tóxicos.
A descoberta é preocupante, pois a embriaguez é um problema crescente no Reino Unido e em outros países europeus, particularmente em jovens e universitários.
O estudo com universitários descobriu que o consumo excessivo de álcool afeta a memória declarativa --uma forma de memória de longo prazo. Os estudantes mostraram uma redução na capacidade de aprender novas informações que lhes são transmitidas verbalmente.
Em uma escala, eles obtiveram as menores pontuações em dois testes para saber quanto conhecimento eles retiveram e recolheram.
Segundo a pesquisadora Maria Parada, da Universidade de Santiago de Compostela, "em países do norte europeu, há uma forte tradição de consumo esporádico, orientado, de álcool. Em contraste, os países da costa do Mediterrâneo, como a Espanha, são tradicionalmente caracterizados por um consumo mais regular de baixas doses de álcool."
"É importante examinar os efeitos do álcool no hipocampo, pois em estudos com animais, especialmente em ratos e macacos, esta região parece sensível aos efeitos neurotóxicos do álcool, e ela desempenha um papel fundamental na memória e aprendizado. Em outras palavras, o consumo excessivo de álcool pode afetar a memória de jovens adultos, o que pode prejudicar o seu dia a dia."
O estudo, publicado na revista "Alcoholism: Clinical & Experimental Research", analisou 122 estudantes universitários espanhóis, com idades entre 18 a 20 anos. Eles foram divididos em dois grupos: os que beberam e os que se abstiveram.
Foram então submetidos a uma avaliação neuropsicológica que incluiu recordar experiências visuais e verbais.
"Nossa principal descoberta foi uma clara associação entre o consumo excessivo de álcool e a menor capacidade de aprender novas informações verbais em universitários saudáveis, mesmo após o controle de outras possíveis variáveis, como nível intelectual, histórico de distúrbios neurológicos ou psicopatológicos, uso de outras drogas, ou histórico familiar de alcoolismo", disse Parada.
FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/917006-consumo-excessivo-de-alcool-danifica-memoria-de-jovens.shtml