quarta-feira, 16 de março de 2011

A grama do vizinho é mais verde?



Ao amadurecer, descobrimos que a grama do vizinho não é mais verde coisíssima nenhuma. Estamos todos no mesmo barco.
Há no ar um certo queixume sem razões muito claras. Converso com mulheres que estão entre os 40 e 50 anos, todas com profissão, marido, filhos, saúde, e ainda assim elas trazem dentro delas um não-sei-o-quê perturbador, algo que as incomoda, mesmo estando tudo bem. De onde vem isso?
Anos atrás, a cantora Marina Lima compôs com o seu irmão, o poeta Antonio Cícero, uma música que dizia: “Eu espero/ acontecimentos/ só que quando anoitece/ é festa no outro apartamento”. Passei minha adolescência com esta sensação: a de que algo muito animado estava acontecendo em algum lugar para o qual eu não tinha convite. É uma das características da juventude: considerar-se deslocado e impedido de ser feliz como os outros são - ou aparentam ser. Só que chega uma hora em que é preciso deixar de ficar tão ligada na grama do vizinho.

As festas em outros apartamentos são fruto da nossa imaginação, que é infectada por falsos holofotes, falsos sorrisos e falsas notícias. Os notáveis alardeiam muito suas vitórias, mas falam pouco das suas angústias, revelam pouco suas aflições, não dão bandeira das suas fraquezas, então fica parecendo que todos estão comemorando grandes paixões e fortunas, quando na verdade a festa lá fora não está tão animada assim.
Ao amadurecer, descobrimos que a grama do vizinho não é mais verde coisíssima nenhuma. Estamos todos no mesmo barco, com motivos pra dançar pela sala e também motivos pra se refugiar no escuro, alternadamente. Só que os motivos pra se refugiar no escuro raramente são divulgados. Pra consumo externo, todos são belos, sexys, lúcidos, íntegros, ricos, sedutores. “Nunca conheci quem tivesse levado porrada/ todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo”. Fernando Pessoa também já se sentiu abafado pela perfeição alheia, e olha que na época em que ele escreveu estes versos não havia esta overdose de revistas que há hoje, vendendo um mundo de faz-de-conta.

Nesta era de exaltação de celebridades - reais e inventadas - fica difícil mesmo achar que a vida da gente tem graça. Mas tem. Paz interior, amigos leais, nossas músicas, livros, fantasias, desilusões e recomeços, tudo isso vale ser incluído na nossa biografia. Ou será que é tão divertido passar dois dias na Ilha de Caras fotografando junto a todos os produtos dos patrocinadores? Compensa passar a vida comendo alface para ter o corpo que a profissão de modelo exige? Será tão gratificante ter um paparazzo na sua cola cada vez que você sai de casa? Estarão mesmo todos realizando um milhão de coisas interessantes enquanto só você está sentada no sofá pintando as unhas do pé?
Favor não confundir uma vida sensacional com uma vida sensacionalista. As melhores festas acontecem dentro do nosso próprio apartamento.
Martha Medeiros
FONTE: http://pensador.uol.com.br/frase/NjI2NTEx/

domingo, 13 de março de 2011

A cirurgia bariátrica e o uso de álcool

UM ESTUDO SOBRE reações de obesos mórbidos ao álcool após a conhecida cirurgia bariátrica para redução de peso é relatado pela primeira vez no "Journal of the American College of Surgeons".
Problemas emocionais de adaptação após a cirurgia têm sido relatados, observam os autores, os médicos Gavitt A. Woodard e colaboradores (John Downwy, Tina H. Boussard e John M. Morton).
Mas não é só isso, acrescentam. Evidências sugerem que esses pacientes passam a metabolizar o álcool de forma diferente após a cirurgia do "by-pass" gástrico em Y de Roux.
Essa operação torna não só menor o estômago, mas também direciona o alimento para uma área dos intestinos que absorve menos nutrientes e calorias.
Os testes em obesos foram realizados com cinco onças de vinho (148 ml). No pré-operatório, a sobriedade retornou em 49 minutos, medidos pelo índice BAC (conteúdo de álcool no sangue).
Três meses após a cirurgia, o tempo para retornar à sobriedade passou para 61 minutos e em seis meses, alcançou 88 minutos.
Também foi observado que, após a cirurgia, os pacientes apresentaram sudorese discreta, rubor, tontura e calor depois de consumir bebida alcoólica.
Os autores concluem que as pessoas submetidas à cirurgia bariátrica devem evitar beber e em seguida dirigir.
Devem, também, limitar o consumo de álcool a uma lata de cerveja ou um copo de vinho, a cada duas horas.
Ou, melhor ainda, despedir-se definitivamente de todas as bebidas alcoólicas.

Fonte: Folha de SP

Inventando doenças

Internet é o ambiente perfeito para invenções de portadores do distúrbio

DE SÃO PAULO

A internet favorece os portadores da síndrome de Münchhausen, segundo Marc Feldman, professor de psiquiatria na Universidade do Alabama e responsável por cunhar o termo "Münchausen pela internet".
"Com a rede é possível atingir até milhares de pessoas, enquanto que na forma tradicional da síndrome são poucos os ludibriados", disse à Folha, por e-mail.
Feldman, que escreveu o livro sobre o transtorno "Playing Sick" (não traduzido), afirma que o anonimato na rede seduz o paciente.
"Se a mentira for descoberta, a pessoa pode rapidamente se "deslogar" e continuar em outra comunidade virtual, com uma nova história sobre alguma doença."
O psiquiatra afirma que os portadores têm à disposição diversos grupos online como fóruns de saúde e redes sociais nos quais encontram o tempo e a atenção desejados.
Para o psicólogo Cristiano Nabuco, coordenador do programa de dependentes de internet do Instituto de Psiquiatria do HC, a rede social Orkut pode ser um terreno fértil para essas pessoas.
"Dá para garantir o anonimato e exagerar os sintomas, despertando a piedade."
A internet ajuda o portador a mentir também fora do ambiente virtual.
"Com a internet fica fácil descobrir sintomas e enganar o médico", diz a psiquiatra Ana Gabriela Hounie. (GG)