terça-feira, 19 de outubro de 2010

Agir e Pensar: Para quem só tem martelo, qualquer coisa vira prego

Folha de SP - 19/10/10 LAERTE

por Pedro Quaresma Cardoso

Mais uma do genial Laerte. Fica como tira para nossa reflexão sobre educação e acerca de nossas interações no trabalho. Muitas vezes ficamos cegos para eventos que não fazem parte de nosso repertório. Como afirma o Prof. Roberto Banaco (PUC-SP): "Quando a ferramenta que temos na mão é um martelo tudo a nossa frente vira um prego".

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Agir e Pensar: O Sonho do casamento

É hoje! Minha estréia como colunista no blog da Agir e Pensar.


Será? Leia o texto abaixo e saberá!

por Karina Alvarez
Para o primeiro texto a Agir e Pensar tenho uma missão: Escrever sobre o sonho da mulher em se casar tradicionalmente, ou seja, de branco, véu, grinalda, flor de laranjeira. Em pleno século XXI quando a independência e autonomia feminina é uma realidade incontestável, é passível de questionamento o número de casamentos tradicionais ser cada vez mais alto. Não é raro estar em um grupo de mulheres bem-sucedidas profissionalmente e o assunto da vez é o mesmo que encontrávamos em um sarau do século XIX: Casamento, tamanho de véu, usar ou não luvas...

O sonho do casamento tem um aspecto histórico, na Idade Média foi decreta uma lei que dizia que nenhum homem deveria entregar sua filha em matrimônio sem a benção de um sacerdote, como naquela época as leis da igreja ditavam o comportamento geral, isso acabou se tornando uma tradição irrevogável de forma que até hoje podemos observar a vontade da noiva em ter uma cerimônia de casamento, independente da orientação religiosa. Outro fator importante a ser considerado, os casamentos deveriam ser atos públicos e não secretos, de forma que os festejos matrimonias deixavam bem explícito um casamento. Dessa forma o sonho do casamento foi sendo transmitidos de geração a geração, tendo sido operadas muitas modificações em sua formatação de acordo com a época histórica, tradições locais e costumes religiosos, mas esses dois aspectos resistem ao tempo no imaginários das noivas: Seu casamento deve ter uma celebração religiosa e deve ser um ato público.

E é nesse ponto que chegamos num outro fato altamente relevante e influente: Os contos de fadas. Nos idos de 1800 vieram os irmão Grimm e nos trouxeram Cinderela, Branca de Neve e Rapunzel. Gerações e mais gerações de meninas aprenderam, através deles que para ser feliz para sempre é necessário achar seu Príncipe e trajar um vestido fabuloso num grande baile para toda a corte. E esse arquétipo tão antigo quanto a lenda permanece até os dias atuais e contagia um número infinito de “moças casadoiras”, não importando a idade, a crença, o nível social ou a posição que ocupa dentro da sociedade, a grande maioria delas sonha com seu dia de Cinderela onde todas as atenções serão dela.

Apenas essas observações seriam embasamento suficiente para o “Sonho de Casamento”, mas estamos no século XXI, como pode uma mulher moderna e auto-suficiente ainda querer se amarrar a um homem “forever and ever” e passar por todos as delícias e infortúnios que um casamento implica? E a resposta está dentro de cada noiva, cada uma tem seus próprios motivos e justificativas, mas aquela que se enquadra para todas elas é simples, elas são mulheres modernas, da época da tecnologia, desempenham os sem número de funções durante sua vida. Como poderiam deixar de sonhar com aquela para que foram quase que programadas geneticamente para desempenhar?


domingo, 17 de outubro de 2010

Brasil: um clima estranho - Morre em São Paulo o psiquiatra José Angelo Gaiarsa









Morreu neste sábado aos 90 anos o médico psiquiatra José Angelo Gaiarsa. Clinicou por mais de 50 anos, publicou 30 livros e por dez anos teve um quadro de televisão em que esclarecia dúvidas dos telespectadores. Foi introdutor de Carl Gustav Jung e William Reich no Brasil, psicanalistas ideólogos da revolução sexual. Seu último prêmio foi do International Academy of Child Brain Development,do Institute for the Achievement of Human Potential, decorrente de um trabalho recém concluído sobre o desenvolvimento físico, cerebral e emocional das crianças.
(www1.folha.uol.com.br)

Brasil: um clima estranho
por Fabiana Esteca

            Gaiarsa sempre manteve uma postura controversa, defendia ideais acerca da liberação sexual da mulher, questionava padrões familiares e conjugais. Dizia não se considerar polêmico, contestava o que era tido como certo a fim de desnaturalizar condições que foram cultural e socialmente estabelecidas. 
            Foi mais que um psiquiatra, teve um papel importante sobre a revolução sexual da década de sessenta, além de lutar contra tabus, como o divórcio e a virgindade antes do casamento.
            Acredito que figuras como essas contribuem no sentido de movimentar uma discussão mais embasada, ao invés de repetirmos padrões sem questioná-los. Como ele, tiveram outros ícones que sacudiram a sociedade de seu tempo, como Freud, Pagu, Leila Diniz,  entre tantos outros. À medida em que põe à prova valores e tradições, tem o poder de fazer pensar, o que é sempre rico. Como diz Calligaris, estamos em um momento em que parece que o importante é gritar uma opinião, ao invés de pensar (Folha, 14/10/10). 
            Independente da opinião que se tenha, seja da esquerda ou da direita, seja liberal ou conservador, religioso ou cético, que tenhamos consciência de nossas escolhas, que sejamos “pensantes”.
            Gaiarsa morre numa época em que paira no Brasil um clima estranho, que muito me assusta...onde nosso Estado laico e democrático parece estar se confundindo com os moldes de um modelo teocrático, confundindo religião com política, envolvendo fiéis numa discussão absurdamente descabida, que infelizmente configura apenas um oportunismo eleitoral.
            Arrisco dizer que, talvez, nosso velho Gaiarsa, após percorrer quase todo o século XX, como bem disse “por azar ou sorte”, morre de desgosto no século XXI.