terça-feira, 29 de outubro de 2013

Como mudar certos hábitos?

Confira partes do texto da entrevista do psicólogo Pedro Quaresma Cardoso à Revista AT do Jornal A Tribuna de Santos publicada em 20/10/2013.


por Joyce Moyses (edições nossas)

Se existe o desejo, mas você não tem coragem ou não sabe como começar, reunimos uma porção de dicas! E veja como ganhar mais satisfação, liberdade de ação e jogo de cintura.



Todos nós queremos transformar alguma coisa, sacudir o dia a dia com novidades, trocar maus hábitos por bons, para acompanhar a evolução do mundo acelerado em que vivemos e nos tornarmos pessoas melhores e ricas em saúde e experiências. A questão é como tirar do nosso caminho inseguranças e medos diante do novo, do desconhecido. E, mais ainda, como vencer a preguiça de tentar algo diferente, mas que exige esforço pessoal. Que bom que o pensamento tem poder infinito, mexe com o destino, cria uma expectativa positiva que favorece o processo de vitória. Satisfação chama satisfação.

O músico Gabriel, O Pensador também já deu pitaco nesse assunto: “Na mudança do presente a gente molda o futuro...”. E quem não reparou no slogan das recentes manifestações nas ruas: “Desculpe o transtorno, estamos mudando o país!”?
O que esses três pensamentos têm em comum: sem mudanças não teríamos chegado até aqui, e a questão é que elas ficaram mais rápidas e necessárias. Mas será que estamos acompanhando no mesmo ritmo? O lema de Gabriela “eu nasci assim, eu cresci assim...” não cola mais. O desafio é aceitar uma nova forma de pensar sobre nós mesmos para evoluir nossos hábitos. Então, ganhe coragem e ferramentas de mudança com estas dicas:
·        
·        
      Desenvolva autocontrole.
Quando pensamos em mudanças, pensamos em pessoas que têm uma motivação, uma intenção, uma inclinação capaz de leva-las a situações ou lugares novos. “Mas só isso não garante que elas serão bem-sucedidas”, alerta o psicólogo especialista em psicoterapia comportamental, Pedro Quaresma Cardoso, mestre em ciências da saúde pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
“É o autocontrole que ajudará a tomar atitudes e persistir nelas, aumentando as chances de conquistar hábitos melhores. Por exemplo, se eu resolvo frequentar uma academia, passo a deixar uma sacola com agasalho e tênis no carro para facilitar e não desisto na segunda semana. Se pretendo colocar meu filho numa escola mais forte, investigo opções com experts e visito algumas até escolher a mais adequada. Ou seja, faço algo antes, prevendo que isso modificará o meu ambiente e tornará provável que meu objetivo seja alcançado”.

·        


      Liberte-se do imediatismo.
No geral, você passa por desafios até atingir a mudança. “É importante resistir à tendência do ser humano de agir com base nos reforçadores imediatos (aquilo que é gostoso, confortável naquele momento). Afinal, muitas vezes você tem de segurar a impulsividade e encarar ações temporariamente desconfortáveis durante o processo de mudança: como vencer a preguiça e a temperatura fria para suar a camiseta na aula de aeróbica. Na prática, botar esforço pessoal e assar pelos desafios é complicado, especialmente para essa geração mais jovem, de no máximo 30 anos, acostumada a ter tudo na mão, na hora que deseja. Só que quem fica aprisionado ao imediatismo e não devolve autocontrole, mais dificilmente consegue avançar num esporte, perder peso, dar uma virada de 180 graus na carreira... e por aí vai”, explica Pedro Quaresma, que atua no Instituto Agir e Pensar de Psicoterapia Analítico-Comportamental, em Santos.

Zona de desconforto
Pesquisas mostram que os mais perseverantes e com autocontrole relatam maior satisfação com a vida. “escapam das tentações que atrapalham seu objetivo e alcançam objetivos, alinham hábitos aos seus valores, mudam comportamentos”, continua Pedro.
Ouve-se muito que a pessoa resiste a mudar por ficar na zona de conforto. Mas, na verdade, é mais zona de desconforto, pois ela poderia estar melhor, embora mantenha os braços cruzados. Fica naquela coisa de “não está bom, mas não mexo”, típica de quem se enreda em atividades tediosas, tem rotina sedentária e sente solidão, por exemplo. “O autocontrole ajuda a sair dessa zona de desconforto porque você se conhece, percebe como fazer diferente e toma atitudes para que a mudança seja alcançada”, reforça o psicólogo.
Um hábito da atualidade que as pessoas deveriam mudar? O aprisionamento nas redes sociais, na opinião de Pedro, referindo-se ao comportamento de ficar grudado no computador ou celular olhando os últimos posts. “Você supostamente se sente bem informado, antenado, conectado com tudo e todos, sem se dar conta de que alimenta um incômodo interno, uma insatisfação. Está na hora de resgatar hábitos fora das telas virtuais, como encontrar pessoas, relaxar a mente andando na praia e olhando para o infinito”.
.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Não consegue parar de comer? Saiba se precisa de ajuda: o que é o Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica?

Por Joana Carvalho Ferreira


Transtornos Alimentares são distúrbios psiquiátricos de etiologia multifatorial, caracterizados por padrões e atitudes alimentares perturbadas.

O DSM-IV (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) classifica oTranstorno da Compulsão Alimentar Periódica (TCAP) como um transtorno alimentar sem outra especificação, diferenciando-o da anorexia e bulimia nervosa.

No TCAP há a presença de episódios de compulsão alimentar sem a utilização de mecanismos compensatórios para o controle de peso (como purgação, jejum, entre outros). Quem apresenta o transtorno experimenta perda de controle sobre a quantidade de alimento ingerido em um determinado período de tempo (por exemplo, por um período de duas horas) e somente interrompe a alimentação quando se sente muito desconfortável.

Além disso, é muito comum que os episódios de compulsão alimentar ocorram em segredo e apresentem-se associados a intensos sentimentos de angústia, vergonha e culpa.Importante notar que pessoas que beliscam o dia todo, mas em pequenas quantidades, estão excluídas, já que o período de tempo bem definido e a quantidade de alimento neste período são critérios para o diagnóstico.
Apesar de não ser possível estabelecer uma relação de causalidade, o TCAP tem uma prevalência maior na população de indivíduos obesos quando comparado com a população geral. Estudos clínicos mostram que nos obesos que procuram tratamento, o transtorno apresenta-se em aproximadamente 30% dos casos, enquanto a prevalência é de 3 a 5% na população geral.

Outra característica importante diz respeito à presença de comorbidades. Pessoas com o transtorno apresentam alta prevalência de psicopatologia geral – como depressão e ansiedade – e psicopatologia alimentar – perturbações com a imagem corporal.

É importante considerar que a presença de episódios de compulsão alimentar não é suficiente para o diagnóstico do transtorno. Fatores como a intensidade e duração dos sintomas são essenciais para o entendimento do mesmo. O fundamental é ficar atento aos sintomas e sempre procurar ajuda especializada.