quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Experiência, provocações e trabalho em saúde

Em "Notas sobre a experiência e o saber de experiência", Jorge Larrosa Bondía nos provoca no sentido mais positivo que a palavra pode ter, pois estamos inseridos até o pescoço no mundo de experiências que ele critica. Se refere as experiências que eu chamaria de experiências passageiras ou sem significado. Principalmente ao pensar na educação a partir da díade experiência/sentido me questionei sobre quais professores realmente me fizeram experienciar, sentir e refletir. Foram os que me inseriram no conteúdo com autonomia suficiente para interagir com o conhecimento de forma a construí-lo e fazer parte dele. Foram poucos. Menos de 10 certamente.

No trabalho em saúde, principalmente quando se faz clínica, é desejável ter uma postura de interação genuína como paciente na qual suas queixas misturadas com nosso saber técnico possam construir a cura de seus males. Acredito que a experiência afetiva, genuína e sincera é primordial para se obter bons resultados. Para isso é necessário fugir das receitas e inovar sem se restringir ao consultório como as quatro paredes que fecham a sala. O consultório é o mundo. O consultório é a relação construída entre profissional da saúde e paciente. Justamente como entre professor e aluno. Caso contrário entramos no virar de páginas ao qual se refere Bondia: "nunca passaram tantas coisas, mas a experiência é cada vez mais rara".


FOLHA DE SP - São Paulo, quarta-feira, 25 de agosto de 2010


por Pedro Quaresma Cardoso

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