quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Automutilação é praticada por um em 12 adolescentes

Agressão, que pode incluir cortes, queimaduras e envenenamento, é tentativa de aliviar angústia e raiva
Estudo conclui também que, em 90% dos casos, jovens param de se agredir ao entrar na idade adulta
MARIANA VERSOLATO
DE SÃO PAULO

Um em cada 12 jovens se mutila, com agressões como cortes, queimaduras e batidas do corpo contra a parede.
Para os que se autoflagelam, a prática é uma tentativa de aliviar sensações como angústia, raiva ou frustração, segundo especialistas. O problema é mais comum entre mulheres de 15 a 24 anos.
As conclusões são de um estudo publicado na revista médica "Lancet", feito no King's College, em Londres, e na Universidade de Melbourne, na Austrália.
Esse é o primeiro trabalho a acompanhar a evolução da automutilação da adolescência à vida adulta.
Entre 1992 e 2008, foram avaliados 1.802 adolescentes, entre os quais 8% afirmaram ter se mutilado de alguma forma. Ao completar 29 anos, menos de 1% dos jovens mantinham esse comportamento.
A conclusão dos autores é a de que, na maioria dos casos, o problema se resolve espontaneamente.
Isso não significa que seja dispensável buscar tratamento. Os próprios autores afirmam que, em geral, a automutilação é associada a doenças psiquiátricas como depressão, que podem precisar de atenção médica.
"Se a pessoa começou a se mutilar, merece receber avaliação e tratamento. Não se pode pensar que vai passar", afirma a psiquiatra da infância e da adolescência Jackeline Giusti, do Hospital das Clínicas da USP.
Ela afirma que, como qualquer doença psiquiátrica não tratada, o problema pode se tornar crônico e ficar mais grave. Nesse caso, o tratamento pode ser com psicoterapia ou medicamentos.
"Ao se tratar na adolescência, o jovem pode desenvolver habilidades de lidar com a frustração de outra forma, e as chances de não se mutilar mais são maiores", diz a psiquiatra.
IMPULSIVIDADE
Para Giusti, as conclusões do estudo mostram que o comportamento em relação à automutilação é parecido com o do uso de drogas: muitos experimentam na adolescência, mas só para uma minoria o comportamento se torna um problema crônico.
Segundo Hermano Tavares, professor de psiquiatria da USP, o cérebro passa por transformações importantes da metade da adolescência para o final, que favorecem a impulsividade e a vulnerabilidade para tomar decisões.
"Mais tarde existe um amadurecimento cerebral, mas isso não é sinônimo de melhora do status psíquico. A depressão continua."
Segundo um dos autores do estudo, o psiquiatra Paul Moran, do King's College, se a automutilação segue na vida adulta, o problema se torna mais sério e pode evoluir para tentativa de suicídio.
É raro que a pessoa que se agride procure tratamento sozinha. Parentes costumam descobrir o problema por acaso, segundo Giusti.
Dar broncas ao descobrir que o filho pratica automutilação só piora o quadro, de acordo com a psiquiatra.
"Os pais devem entender que esse comportamento é sintoma de alguma coisa. A mutilação é uma automedicação para a tristeza."

FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/saude/10745-automutilacao-e-praticada-por-um-em-12-adolescentes.shtml

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Gestores criam estratégias para aumentar produtividade de reuniões

LEOPOLDO ROSALINOCOLABORAÇÃO PARA A FOLHA



Diretora de uma consultoria, Selene Ferreira teve uma ideia para aumentar o desempenho da equipe durante uma reunião. A proposta poderia colocar em dia a entrega de documentos que há tempos batalhava para conseguir.
"Dividi todos em grupos e transformei a reunião em uma grande gincana", conta ela. Em troca, prometeu aos vencedores bônus em dinheiro e promoções. "Foi uma ideia maluca que deu muito certo", resume.
A competição excedeu as paredes da sala de reuniões e deu resultados. "No dia seguinte, recebi documentos que pedia há um mês", afirma ela, revelando que já pensa em repetir a experiência em outras equipes da organização.
O caso de Ferreira mostra como uma reunião eficiente -- e nem sempre presa aos padrões -- faz diferença para aumentar o desempenho das equipes.
"O nível de formalidade depende do estilo da empresa, mas é preciso que todos tenham liberdade de colocar suas ideias durante a conversa", afirma Laerte Oliveira, diretor da Nota 10, consultoria em gestão empresarial.
Uma reunião de sucesso, que realmente impacte o desenvolvimento da equipe, deve ser estruturada a partir de uma meta, explica Oliveira. "É importante dividir com todos a responsabilidade de buscar esse objetivo."
É o que faz a executiva Viviane Gonzalez, da Business Partners Consulting. "Planejo reuniões semanais para o ano todo e com tema definido", conta. Para ela, uma reunião direta, rápida e com espaço para perguntas de todos é sinônimo de eficiência.
PRODUTIVIDADE
O consultor Laerte Oliveira dá cinco dicas para tornar encontros com a equipe mais eficazes:
  • Agende a reunião com antecedência, para que todos possam ir munidos de informações
  • Defina início e fim do encontro, que não deve passar de 60 minutos. Reuniões extensas tiram o foco
  • Procure resolver cada assunto em apenas uma reunião
  • Use técnicas de "brainstorming" -- todos os presentes devem dar ideias sobre o assunto discutido sem medo de errar
  • Cada participante deve sair do encontro sabendo qual é sua parte no objetivo proposto, o tempo necessário para alcançá-lo e a data da próxima reunião
FONTE: http://classificados.folha.uol.com.br/empregos/1006953-gestores-criam-estrategias-para-aumentar-produtividade-de-reunioes.shtml

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Por que quando estamos estressados comemos tantas guloseimas e besteiras?

VEJA ORIGINAL NO WWW.VIRGULA.COM.BR DA COLEGA E AMIGA EDUCADORA FÍSICA PAOLA MACHADO.

O estresse aumenta o consumo de “Comfort Foods”

Por que quando estamos estressados comemos tantas guloseimas e besteiras?

Reprodução
De acordo com os pesquisadores e pós-graduandos Wederley Januário, nutricionista, e Daniela Ortolani, fisioterapeuta, do Laboratório de Biologia do Estresse da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP):
“A compreensão dos mecanismos relacionados ao estresse ocupa a atenção de cientistas e clínicos desde a definição do termo feita pelo endocrinologista Hans Selye, em 1936.
Acredita-se que pelo menos um terço das doenças que levam as pessoas a procurarem atendimento médico sejam relacionadas ao estresse.
As condições atuais de vida no mundo Ocidental representam um dos principais causadores de estresse em seres humanos, o chamado estresse psicossocial, causado pelo processo acelerado de urbanização e alteração de hábitos de vida.
A resposta de estresse em seres humanos e em animais inclui a ativação de sistemas neurais e endócrinos que são responsáveis por liberar os hormônios do estresse, catecolaminas e glicocorticóides, respectivamente. A interrelação entre estes dois sistemas é de grande importância fisiológica. Em geral, os hormônios glicocorticóides induzem a melhora ou a regulação dos processos mediados pelas catecolaminas.
O estado emocional afeta o comportamento alimentar e diferentes alimentos influenciam as respostas de estresse, numa complexa via de regulação e equilíbrio.
Em experimentos utilizando animais, vários pesquisadores demonstraram que a exposição por um longo período de tempo a agentes estressores pode alterar o consumo de alimento e o peso corporal. Estudos realizados em humanos demonstraram que as experiências emocionais podem levar ao aumento de ingestão de alimentos, em especial alimentos doces e ricos em gorduras, conhecidos como “comfort foods” (alimentos que confortam). Períodos de maior sobrecarga de trabalho associam-se a maior consumo de calorias e gorduras, principalmente em pessoas que usualmente fazem dietas hipocalóricas (baixo consumo calórico).
A variação individual da intensidade da resposta de estresse se relaciona com o grau de influência do estresse no comportamento alimentar. Cientistas propuseram que os glicocorticóides (hormônios do estresse) estimulam a ingestão de “comfort foods” e que, por sua vez, protegeriam o organismo da disfunção associada ao estresse e, consequentemente, da depressão e da ansiedade.
Apesar deste tipo de alimento reduzir comportamentos de ansiedade, podem levar à alterações metabólicas, como por exemplo, aumento da glicemia e dos triglicérides e também contribuir para o aumento de peso.”

Repordução
Deixe seu comentário.
Contatos:
Daniela Ortolani, fisioterapeuta (UNICAMP) – danielaortalani@gmail.com
Wederley Januário, nutricionista (UNIFESP) – derleyjanuario@hotmail.com
FONTE: http://kilorias.virgula.uol.com.br/2011/11/o-estresse-aumenta-o-consumo-de-“comfort-foods”/#.TrqCF8x38W4.facebook

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Lula, Câncer, SUS e Facebook - Como agem os grupos?

O texto a seguir é bastante interessante e vale a reflexão. Bom fim de feriado. Equipe Agir e Pensar.

Patologias de grupo
HÉLIO SCHWARTSMAN

SÃO PAULO
- Quem quiser vislumbrar a face feia da natureza humana deverá dar uma espiadela nos comentários de leitores a reportagens, blogs e colunas que tratam da saúde de Lula. Há um número não desprezível de pessoas querendo despachar o ex-presidente para a fila do SUS e alguns chegam mesmo a regozijar-se com sua doença.
O fenômeno, com claros contornos políticos, parece estar relacionado à internet e à massificação das redes sociais. Trata-se de uma hipótese especulativa, mas chama a atenção o fato de as manifestações mais deprimentes de intolerância ilustrarem com perfeição o que psicólogos sociais chamam de patologias do pensamento de grupo.
A primeira é a polarização. Junte um punhado de gente com opiniões semelhantes, deixe-os conversando por um tempo e o grupo sairá com convicções mais parecidas e mais radicais. Provavelmente é assim que nascem organizações terroristas.
A conformidade é outro elemento importante. Grupos tendem a suprimir o dissenso. Mais do que isso, procuram censurar dúvidas que um dos membros possa nutrir e ignorar evidências que contrariem o consenso que se forma. É esse o segredo do sucesso das religiões.
Há, por fim, a animosidade. Ponha um corintiano e um palmeirense numa sala e mande-os discutir futebol.
Eles discordarão, mas provavelmente se tratarão com civilidade. Entretanto, se você colocar cem de cada lado, quase certamente produzirá xingamentos e até pontapés.
O que a internet e as redes sociais fazem é criar gigantescos espaços virtuais onde o pensamento de grupo pode prosperar, com o que ele tem de positivo e de negativo. A linha que separa a sabedoria das multidões de delírios coletivos é tênue.
O que os experimentos em psicologia sugerem é que a melhor defesa contra o radicalismo é semear dúvidas, de preferência levantadas por um membro do próprio grupo.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz0111201103.htm

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Estudo afirma que maconha causa 'caos cognitivo' no cérebro

WASHINGTON - O consumo de maconha está associado a alterações na concentração e na memória que podem causar problemas neurofisiológicos e de conduta, indicou nesta terça-feira um estudo publicado pela revista Journal of Neuroscience.
Os pesquisadores descobriram que a atividade cerebral fica descoordenada e inexata durante os estados de alteração mental com resultados similares aos observados na esquizofrenia.

O estudo, produzido por cientistas da Universidade de Farmacologia de Bristol, na Inglaterra, analisou os efeitos negativos da maconha na memória e no pensamento, o que pode provocar redes cerebrais "desorquestradas".

O doutor Matt Jones, um dos autores da pesquisa, equiparou o funcionamento das ondas cerebrais ao de uma grande orquestra na qual cada uma das seções vai estabelecendo um determinado ritmo e uma afinação que permitem o processamento de informações e que guiam nosso comportamento.

Para comprovar a teoria, Jones e sua equipe administraram em um grupo de ratos um fármaco que se assemelha ao princípio psicoativo da maconha, a cannabis, e mediram sua atividade elétrica neuronal.

Embora os efeitos nas regiões individuais do cérebro tenham sido muito sutis, a cannabis interrompia completamente as ondas cerebrais através do hipocampo e do córtex pré-frontal, como se as seções de uma orquestra tocassem desafinadas e fora de ritmo.

Jones indicou que estas estruturas cerebrais são fundamentais para a memória e a tomada de decisões e estão estreitamente vinculadas à esquizofrenia.

Os ratos se mostravam desorientadas na hora de percorrer um labirinto no laboratório e eram incapazes de tomar decisões adequadas.

"O abuso da maconha é comum entre os esquizofrênicos, e estudos recentes mostraram que o princípio psicoativo da maconha pode provocar sintomas de esquizofrenia em indivíduos sãos", explicou Jones.

FONTE? http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,estudo-afirma-que-maconha-causa-caos-cognitivo-no-cerebro,790706,0.htm

Use os alimentos para melhorar seu humor

JULIANA VINESDE SÃO PAULO

Seu prato dita o seu estado de espírito. Embora a ciência desconheça as causas da depressão, já se sabe que a dieta é fundamental para a saúde mental e para o bem-estar.
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A explicação é simples. A estabilidade do humor é determinada pela produção, liberação e captação de neurotransmissores. "Essa produção depende de substratos da dieta", diz o psiquiatra Alexandre de Azevedo, do Hospital das Clínicas de SP.
Um dos nutrientes essenciais é o triptofano, aminoácido fundamental para a produção de serotonina, neurotransmissor ligado ao humor. Vitaminas, minerais e gorduras boas (ômega 3) ajudam sua ação. E todas essas substâncias vêm da comida.
A ação dos alimentos no cérebro é tanta que não há muita diferença entre remédio e comida, para o neurocientista Gary L. Wenk, autor de "Your Brain On Food" (como sua mente é influenciada pela comida). "Já usamos comida como medicamento ao beber café ou comer chocolate", disse ele à Folha.
Há os alimentos com ação rápida no humor (café, açúcar e álcool), os que levam dias ou semanas (aminoácidos e minerais) e os de ação lenta (como os antioxidantes), explica Wenk, que é pesquisador da Universidade Estadual Ohio (EUA).


ÚLTIMAS DESCOBERTAS
Um estudo publicado na semana passada no "Journal of Psychopharmacology" avaliou o efeito do ômega 3 em pacientes que se recuperavam de depressão.
O trabalho, feito pela Universidade Leiden, na Holanda, acompanhou 71 pessoas, que receberam suplementação de ômega 3 ou placebo por quatro semanas. Os que tomaram ômega 3 relataram melhoras no processo de tomada de decisão e do estado de tensão.
"O ômega 3 mantém a função de estruturas cerebrais", diz Sandra Lopes de Souza, pesquisadora em neuropsiquiatria da Universidade Federal de Pernambuco.
Outro nutriente popular em pesquisas é o ácido fólico (vitamina B9). "Anormalidades no metabolismo dessa substância estão ligadas a depressão, transtorno bipolar e esquizofrenia", afirma a neurocientista brasileira Patrícia de Souza Brocardo, pesquisadora da Universidade de Victoria, no Canadá.
Um cardápio rico em alimentos com ácido fólico, ômega 3 e demais nutrientes melhora o humor e eleva a disposição, diz Roseli Rossi, especialista em nutrição clínica funcional. "Em um mês o paciente já melhora muito."
Claro, comer coisas boas, só, não adianta. É preciso excluir as ruins e fazer o intestino funcionar bem, para absorver vitaminas e minerais.
"A falha na absorção pode prejudicar o processo", explica Sandra Souza.
Gorduras e carboidratos em excesso causam "efeito rebote". "As gorduras saturadas dificultam a digestão e 'roubam' energia", diz a nutricionista Daniela Jobst.
Já carboidratos refinados (açúcar, macarrão, pão branco) dão um pico de energia seguido por queda brusca.
"É melhor comer carboidratos integrais, que fornecem energia por mais tempo", diz a nutricionista Paula Gandin, da Sociedade Brasileira de Nutrição Funcional.

PRAZER
Apesar das listas de alimentos do humor e dos cardápios da alegria, os nutrientes não devem ser vistos isoladamente, segundo a nutricionista Cynthia Antonaccio.
Para ela, o prazer ao comer também ajuda a elevar o astral. "Não comemos só o nutriente. O alimento não tem só o lado funcional, tem o lado social e psicológico."
Segundo a nutricionista, não adianta comer iogurte se o cardápio não incluir algo prazeroso para você.
"Comer é fonte de prazer e sociabilização. Se perco isso, ou porque não tenho tempo ou porque estou de dieta, perco algo vital."

FONTE? http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/994549-use-os-alimentos-para-melhorar-seu-humor.shtml

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Timidez também tem suas vantagens, dizem especialistas

GUILHERME GENESTRETI
Em um mundo que não para de falar, ser tímido é quase ser doente. Na escola, a participação em aula vale nota; no trabalho, a vaga depende da dinâmica de grupo. Está mais difícil cultivar o temperamento "para dentro". Dê um Google e veja: "perder a timidez" e "vencer a timidez" lideram as buscas sobre o tema.
"Nossas instituições estão montadas para acomodar o talento dos extrovertidos. O introvertido fica de lado, gastando energia na tentativa de ser diferente", diz a autora americana Susan Cain.
Tímida confessa, ela diz que graças a isso pôde formar alianças e negociar, nos sete anos em que advogou para grandes corporações.
"A impressão de que ser tímido é uma desvantagem não é verdadeira", disse Cain à Folha. "Para ser criativo, você deve tolerar a solidão."
Ela diferencia timidez e introversão: uma é o medo de julgamento social e atinge metade das pessoas; outra é a preferência por ficar em lugares tranquilos e com poucos estímulos, tendência encontrada em cerca de um terço da população, segundo as estimativas da autora.
Hoje, Cain mantém um blog com pesquisas sobre o "poder dos introvertidos" e se prepara para lançar o livro "Quiet" (quieto) nos EUA.
Em artigo publicado em junho no "New York Times", Cain afirmou que tímidos e introvertidos correm menos risco de ser internados, de se envolver em acidentes e são predispostos a aprender e a manter uma relação afetiva.
Ainda assim, conclui, timidez e introversão dividem o mesmo status depreciativo.

"NETWORKING"

Nos últimos cinco anos, aumentou a preocupação dos pais com a timidez dos filhos, na percepção da pedagoga Maria Claudia Poletto.
"Eles acham que serão chamados à escola só porque o filho é tímido, como se fosse um comportamento errado."
Aluno falante nem sempre é bom, lembra ela. "Quem fala muito fala besteira. Para se colocar no grupo, tem que falar algo pertinente."
Essa pressão é reflexo das exigências sociais na escola. "Os pais transportam para a vida das crianças o que é importante para eles. Acham que dormir na casa do amiguinho é 'networking'."
O professor de expressão verbal Reinaldo Polito estima atender 1.600 alunos anualmente no curso que leva seu nome e nas outras instituições onde que leciona. Uns querem se desinibir, outros querem perder o medo de falar em público.
"A pessoa está condenada a falar bem", afirma Polito. "Tudo, hoje, leva a pessoa a interagir." Para falar bem, seus alunos aprendem a contar histórias e a fazer as perguntas "certas", capazes de alimentar uma conversa.
"Num processo seletivo, o candidato será avaliado pela forma como se comunica, já que formação não é mais o diferencial."

MEDO DE CONTATO

O agente fiscal Alexandre de Aguiar Júnior, 28, prestou concurso público para fugir das entrevistas de emprego. "Gaguejava, ficava vermelho, suava", conta.
Suas dificuldades não acabaram. "Durante o dia preciso ficar falando ao telefone o tempo todo. Se pudesse, teria um trabalho que não exigisse falar com ninguém."
Casos extremos podem se enquadrar no diagnóstico de fobia social. O medo da avaliação externa é tanto que a pessoa evita o contato social.
Para tratar a fobia, o terapeuta pode, aos poucos, expor o paciente a situações sociais que ele teme.
Timidez não é doença, e sim estilo, reforça a psicanalista Norma Semer. Segundo ela, o tímido ainda leva uma vantagem em relação aos desinibidos: ele pensa bem antes de decidir, é mais cuidadoso. "Agir sem pensar é um perigo. Leva a uma falta de consideração pelo outro e pela realidade."
O universitário Haiser Ferreira, 22, acredita que sua introspecção o torna mais sensível ao sofrimento alheio. "Ouço mais do que falo."
Haiser conheceu a namorada pela internet, em uma comunidade de tímidos, moderada por ele. "É mais fácil fazer amigos lá, as pessoas não estão te vendo e são parecidas com você."

Fonte? http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/988300-timidez-tambem-tem-suas-vantagens-dizem-especialistas.shtml

domingo, 18 de setembro de 2011

Ter vida saudável, buscar apoio e saber causa ajudam a conter estresse

11/08/2011 10h42 - Atualizado em 11/08/2011 14h51

Do G1, em São Paulo
Seja em casa, no trabalho ou no trânsito, o estresse atinge quase toda a população. No Brasil, 30% dos trabalhadores sofrem um nível de desgaste extremo, que pode provocar um colapso nervoso. Faça o teste e veja se você se encaixa nesse perfil.
Mas existe jeito de mudar, e o Bem Estar desta quinta-feira (11) deu cinco dicas infalíveis para você aliviar o estresse e viver melhor. São elas: identificar a principal causa do problema, buscar o controle da situação, manter hábitos saudáveis, fazer o que lhe dá prazer e procurar o apoio de pessoas próximas.
Quem participou do programa desta quinta-feira (11) foi a psicóloga Ana Maria Rossi, presidente no Brasil da International Stress Management Association (Isma), que trabalha com pesquisa, prevenção e tratamento desse conjunto de sintomas. Ao lado dela, o preparador físico José Rubens D'Elia ensinou uma série de exercícios para respirar bem e relaxar.
É importante refletir sobre os compromissos e responsabilidades do dia a dia, além de ficar atento em relação às dívidas. Segundo Ana Maria, também é fundamental cuidar com as palavras e, principalmente, com os pensamentos negativos.
A repórter Marina Araújo foi até Fortaleza conhecer um espaço antiestresse criado para os moradores do Pirambu, uma das maiores favelas da América Latina.
O estresse também tem um lado bom e a sua importância, pois nos leva a agir e apronta para a luta. Mas, em excesso, pode desencadear várias doenças, porque afeta o sistema imune. Nessas situações, as pessoas tendem a pegar gripes e infecções respiratórias com muito mais frequência.
A pele é rapidamente prejudicada pelo sistema de defesa, por sua conexão com o sistema nervoso e por ser altamente sensível às emoções. Uma reação são erupções cutâneas motivadas por vírus, como verrugas ou herpes. Da mesma forma, acnes e aftas são exacerbadas pelo estresse.
A infertilidade é uma consequência mais incomum, mas pesquisas têm evidenciado que um alto nível de tensão contribui para esse distúrbio, causando ovulação irregular, mudanças hormonais e redução na produção de esperma.
Sinais de desgaste também podem provocar doenças cardíacas, problemas no sono, obesidade, depressão, problemas de memória e digestivos.
Ana Maria explicou que o "burn out" é um colapso que leva à exaustão física e mental, acarretando problemas emocionais e de relacionamento na vida pessoal e profissional. O indivíduo se sente, literalmente, sem saída.
Dicas de relaxamento
Tire apenas 5 minutos por dia para relaxar o corpo. Tenha a certeza de que ninguém vai interrompê-lo: se precisar, desligue o celular. Sente-se em uma posição correta, inspire e expire de forma lenta e profunda. Solte e abane os braços e ombros. Deixe o maxilar descansar. Por fim, solte os pés e tente relaxar as pernas.
Faça uma respiração em 3 tempos: coloque uma mão abaixo do umbigo e outra em cima do estômago. Preste atenção e mande o ar para a parte baixa da barriga. Dá para sentir com a mão que está abaixo do umbigo. Em seguida, mande o ar mais para cima e sinta na mão que ficou acima do estômago. Depois, tente mandar o ar bem mais alto, em direção ao peito.
Estudo americano
Um trabalho feito recentemente pela Universidade de Nova York demonstra que os eventos positivos do cotidiano, como o reconhecimento pelo desempenho profissional ou um convite para jantar, estimulam a produção das células imunológicas. E esse efeito dura 48 horas.
Por outro lado, situações negativas, como ser criticado ou não ser incluído em uma atividade da qual gostaria de participar, suprimem as células imunológicas, mas por apenas 24 horas. Isso indica que o impacto positivo da felicidade no sistema imune é mais poderoso que o negativo. Além disso, pesquisas posteriores indicam que a redução de experiências positivas torna a pessoa mais vulnerável a ficar doente do que um aumento no número de ocasiões negativas.
FONTE: www.G1.com

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Procrastinação - Você sabe o que é isso?

A coisa é tão ruim que até o nome é feio: procrastinação. O "palavrão" designa a ofensa que a pessoa faz a si mesma, mesmo sabendo que isso só a deixará mais vulnerável, sujeita a cometer mais erros, angustiada e exaurida.

O impulso da procrastinação leva você a fazer qualquer coisa, mesmo sem graça, em vez daquilo que é mesmo necessário. Ou você nunca se pegou deletando o lixo do e-mail na hora em que deveria estar enviando um relatório?

ENROLATION
Em levantamento inédito, 33% dos profissionais brasileiros afirmaram gastar duas horas da jornada sem fazer nada de efetivo e 52% admitiram deixar atividades necessárias para a última hora.

Os índices da pesquisa feita por Christian Barbosa, especialista em gestão de tempo, são mais altos que os de pesquisas semelhantes nos EUA, no Reino Unido e na Austrália, onde enroladores crônicos são 20% da população economicamente ativa.
"Aqui, as pessoas se sentem poderosas deixando tudo para a última hora e não ficam culpadas por isso", diz a psicóloga Rachel Kerbauy, da Sociedade Brasileira de Psicoterapia e Medicina Comportamental, que pesquisou como brasileiros protelam exames e cuidados de saúde.
A culpa com a procrastinação pesa mais em sociedades influenciadas pelo luteranismo ou calvinismo, diz o professor de filosofia Mario Sergio Cortella, da PUC-SP. "A religião colocou o trabalho como elemento de salvação. Adiá-lo vira um vício."
Independentemente de aspectos culturais e morais, a procrastinação, além de não ajudar, atrapalha. E empurrar com a barriga não tira o problema da frente, só faz ele crescer nos pensamentos.
"A única coisa que se pode ganhar é culpa. A pessoa nem consegue fazer algo prazeroso em troca, porque não é uma escolha livre do uso do tempo", diz Cortella.
Na pesquisa, que incluiu 1.606 pessoas, as principais explicações para a enrolação foram falta de tempo, medo do fracasso e complexidade da tarefa a ser feita.
Mas, para a psicanalista Raquel Ajzenberg, da Sociedade Brasileira de Psicanálise, as causas do comportamento podem estar ligadas a dificuldades maiores.
AUTOBOICOTE
Um dos motivos é o que Freud chamou de "fracasso como êxito". É quando a pessoa, por motivos inconscientes, recua sempre que está perto de uma situação de sucesso. Os adiamentos crônicos são um autoboicote.
Acontece também com os perfeccionistas. Para eles, o medo de não conseguir fazer algo impecável paralisa a ação, e o planejamento excessivo para cumprir metas muito idealizadas os leva a adiar o trabalho constantemente.
"A pessoa tem uma coisa importante para fazer, mas fica cavando mais buracos, descobrindo problemas para resolver antes e não faz o que deve ser feito", diz Barbosa.
Ele diz que a maioria é treinada na infância a deixar tudo para a última hora, porque os pais agiam assim.
Culpa também do sistema educacional, vê Cortella. "O estudante daqui é viciado em provas feitas só com a memória. Se é para decorar, o mais fácil é só estudar na véspera."
Enquanto psicanalistas analisam as motivações inconscientes da procrastinação e filósofos se debruçam sobre seus aspectos éticos e morais, os economistas estudam o problema pensando na relação custo-benefício.
Até um prêmio Nobel de economia, o americano George Akerlof, tratou do assunto. Ele concluiu que as pessoas adiam porque os custos imediatos de fazer determinada tarefa parecem mais reais do que o preço de fazê-la no futuro.
"Você tem certeza de qual é o custo imediato, o desprazer do esforço, e tem certa miopia em relação aos benefícios futuros. Acredita que protelar é uma escolha racional, mas é um autoengano", diz o economista Paulo Furquim, professor da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo.
SOB PRESSÃO
Essa ilusão de óptica ajuda a entender por que algumas pessoas embaçam até nas tarefas necessárias para fazer algo de que gostam.
Algumas pessoas também tentam fazer do adiamento uma tática de ação, porque só conseguem se motivar no sufoco da última hora.
Para Barbosa, isso é um padrão mental adquirido por força do hábito. "A pessoa treinou para produzir sob pressão. Se treinou, dá para destreinar e aprender um novo modelo de lidar com o tempo", afirma.

FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/966952-entenda-por-que-voce-deixa-tudo-para-a-ultima-hora.shtml

terça-feira, 30 de agosto de 2011

OUÇA BEM - Texto de ROSELY SAYÃO



Fique atento para gravar frases incríveis que as crianças dizem e ainda aprender mais sobre si mesmo

Ouvi uma avó lamentar, recentemente, o fato de não ter registrado por escrito as coisas que seus filhos, hoje adultos, falaram quando crianças.
É verdade: um bom ouvinte é capaz de reconhecer frases sensacionais criadas por crianças e histórias simplesmente encantadoras que elas nos contam.
É impressionante como elas são capazes de expressar o que sentem e pensam de maneira genial, criativa.
Devo concordar com essa avó: é uma pena termos perdido a memória de muito do que já ouvimos de filhos, alunos, netos e outras crianças com quem convivemos.
Uma professora de educação infantil tem o costume de escrever em um caderno tudo o que escuta de seus alunos e julga digno de nota. De vez em quando, ela relê esse material e se emociona com tudo o que já testemunhou.
Essa é uma dica para quem tem filhos pequenos: anotar as frases que merecem ser lembradas e, mais tarde, presentear o filho com esse caderno de registros.
Uma das histórias que essa professora me contou merece ser compartilhada com você, caro leitor. Alguns anos atrás, ela acompanhava uma classe de crianças de quatro anos. Um dos aluninhos, peralta ao extremo, costumava morder seus colegas quando esses o atrapalhavam. E isso era motivo para muitas reclamações das mães dos colegas de sala e da própria professora, que nem sempre conseguia se antecipar ao garoto para impedir a mordida.
Pois bem: um dia em que a professora estava com a paciência um pouco curta, o garoto foi lá e soltou uma bela mordida no colega que recusou a companhia dele em uma brincadeira.
A professora não teve dúvida: sentou ao lado do garoto e soltou um longo discurso a respeito do que podia e não podia acontecer na sala, de que colega precisava ser respeitado etc. e tal.
Ela só se deu conta de que a sua fala fora exagerada ao ouvir a resposta do menino: "Professora, eu mordi pouco, mas você falou muito!".
Pensando bem, um ouvinte atento não apenas grava na memória frases incríveis como essa, mas também reflete sobre o que escuta e aprende muito a respeito de si mesmo e de como se relaciona com o mundo infantil e com as próprias crianças.
Essa professora, por exemplo, disse que aprendeu a ser uma professora melhor depois de dormir muitas noites com a frase do menino na cabeça. "Falar menos e agir mais com as crianças é o que de melhor podemos fazer por elas", relatou.
Verdade, não é?
Uma leitora escreveu uma vez para contar a dificuldade que tinha de se comunicar com o filho de modo que ele entendesse o que ela queria expressar.
É: de pouco adianta falar com a criança tendo como referência o mundo adulto e a sua linguagem. E hoje, quando a infância está desaparecendo, fica bem mais difícil para o adulto encontrar uma via de comunicação com os pequenos.
Essa leitora passeava com seu filho de cinco anos pelas ruas da cidade quando cruzaram com um grupo de anões (pessoas de baixa estatura, segundo a linguagem politicamente correta).
O garoto demonstrou perplexidade frente a essa situação por não conseguir entendê-la. Como aquela imagem não encaixava em seu referencial, ele pediu a ajuda da mãe para dar um sentido ao que via. A mãe bem que tentou, mas não conseguiu ajudar o garoto.
Foi então que ele sintetizou sua dúvida: "Mãe, eles são gente grande ou gente pequena?".
Foi dessa maneira genial que o garoto fez a mãe entender o que ele precisava saber.
Ouvir as crianças, pensar no que dizem, ficar atento à maneira como elas combinam sentimentos, imagens e pensamentos e traduzem isso em palavras é um ótimo recurso para se comunicar verdadeiramente com elas.



ROSELY SAYÃO é psicóloga e autora de "Como Educar Meu Filho?" (Publifolha)

FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Escolheremos a graça ou a natureza? - A Árvore da Vida

MARCELO GLEISER



O filme "A Árvore da Vida" nos coloca entre o caminho da graça e da natureza; não temos de fazer essa escolha


NA SEMANA passada assisti ao filme "A Árvore da Vida", de Terrence Malick. Se existe um gênero de cinema dito metafísico, esse filme é um exemplo perfeito. Algumas das questões mais profundas que foram (e são) feitas no decorrer da história reaparecem aqui, em meio à tribulada vida de uma família de classe média americana da década de 1950.
Malick nos lembra que o sublime e o trágico usam vários disfarces, alternando cenas de beleza numa rua comum com cenas pesadas.
O tema central do filme é a perda e nossa relação com ela. Malick contrasta a fragilidade humana com o esplendor dramático da natureza, inserindo uma narrativa da criação que começa com o Big Bang, mostra estrelas nascendo em gigantescas e coloridas explosões, a própria Terra surgindo, o desenvolvimento de criaturas e plantas multicelulares, a era dos dinossauros, até chegarmos ao nascimento de Jack, o filho mais velho da família O'Brien.
Com isso, Malick nos insere no épico da criação, mostrando que a história cósmica é a nossa história.
As imagens e a música evocativa (Mahler, Brahms, Couperin, Berlioz, e o tema original de Alexandre Desplat) nos induzem a ver o Universo, a vida e a humanidade como manifestação de um Deus Spinoziano, em tudo e em todos, transcendente.
No decorrer do filme, testemunhamos vários tipos de perda. O'Brien e sua esposa têm três filhos. Jack é o pivô dramático do enredo, sofrendo constantemente da ira do pai frustrado, que se mescla com um afeto violento. O'Brien queria ter sido músico, mas acaba numa fábrica, talvez como engenheiro.
Fora a fúria paterna, Jack tem de lidar com a superioridade do irmão mais novo, R. L., que toca violão e desenha muito bem, além de ser mais bonito. Nos ciúmes e adoração que Jack sente pelo irmão, vemos a luta que todos temos com nossas limitações. Lembrei-me da angústia de Salieri ao se deparar com o gênio de Mozart em "Amadeus".
Já a mãe é uma criatura em constante êxtase beatífico, uma mística que ama a natureza com fervor religioso: "Ame a todos e a tudo. Ame cada folha, cada raio de luz".
A paz (relativa) familiar é destruída quando R. L., o filho, é morto no Vietnã aos 19 anos -algo que vemos no início do filme.
A narrativa vai e volta no tempo, e vemos Jack adulto (Sean Penn), dentro de um prédio moderno em Dallas que parece um sarcófago, olhando para fora e perguntando "Onde você está?" ao seu irmão e a Deus. O filme usa muita narração sussurrada, como se fossem preces. Malick transforma a sala de projeção em templo: o cinema sacro.
O filme nos coloca entre "o caminho da graça e o caminho da natureza". Graça no sentido cristão de generosidade, humildade e bondade, de uma força interna imune a todo o tipo de barreira, ancorada na nossa humanidade. Sem nós, a graça não existe. Já a natureza é indiferente, avança resolutamente, criando e destruindo sem um objetivo final. Nós, frágeis humanos, estamos tentando compreender o significado de nossas vidas. Uma morte prematura é indesculpável.
Não precisamos escolher entre a graça e a natureza. Existe uma terceira via, em que encontramos graça na natureza, não apenas através de sua beleza e cada folha e raio de luz, mas por meio da nossa profunda conexão com ela.
O que matou o pai, figurativamente, mesmo antes da morte do filho, foi ter se distanciado do sentido de graça, da conexão profunda com o que nos cerca, vivo ou não.
Espero que, das várias mensagens do filme de Malick, uma que perdure seja que graça e natureza constituem um todo indissolúvel.
Afinal, aqui estamos, criações cósmicas que somos, capazes de inventar o conceito de graça e de viver inspirados por ele. Dedico esse texto à minha amiga Ciça Guimarães.

MARCELO GLEISER é professor de física teórica no Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor do livro "Criação Imperfeita"

FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe2108201102.htm

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

CONTARDO CALLIGARIS - "A Árvore da Vida" e "Melancolia"



CONTARDO CALLIGARIS


Insegurança e narcisismo: queremos ser os únicos a "perceber" e a denunciar a falsidade do mundo



No sábado passado, assisti a dois filmes: "A Árvore da Vida", de Terrence Malick, e "Melancolia", de Lars von Trier.
Assistindo ao filme de Malick, pensei no meu professor de literatura no ginásio (acho que se chamava Massariello). Ele nos apresentou à poesia de Giacomo Leopardi, que líamos com gosto, e logo administrou uma ducha fria: "Leopardi era bom poeta, mas não um grande". "Por quê?", perguntamos.
Ele explicou: "Leopardi, em sua breve existência, cantou a juventude que passa rápido demais, a morte que se aproxima, a natureza que não é uma mãe amorosa, o infinito no qual descobrimos nossa insignificância, a vida que não responde às promessas que ela nos fez quando éramos crianças. Vocês gostam de seus poemas porque essas são as questões preferidas pelos adolescentes e por todos os que não conseguem enxergar e amar a vida concreta".
A vida concreta, para ele, era o mundo -desde "as mulheres, os cavalheiros, as armas, os amores" até o pipoqueiro na esquina. Também segundo ele, para justificar a existência desse mundo concreto (grandioso ou trivial, feio ou bonito), bastava a revelação de seu charme, de sua "poesia".
Pois bem, Malick (ou seu narrador) é assombrado pelas lembranças (que ele apresenta admiravelmente) da brutalidade de seu pai, da morte de seu irmão etc. Problema: como não perder de vista Deus e o sentido do mundo diante das inexplicáveis injustiças divinas?
Solução: tente contar sua história começando pelo Bing Bang e passe pelas águas-vivas, pelos dinossauros, pelo meteorito que os extinguiu, até chegar a você. Depois de uma hora de erupções vulcânicas e frêmitos de células no estilo "National Geographic" (com uma trilha sonora na qual Justine, a protagonista de "Melancolia", diria que só falta a nona de Beethoven), tudo fará sentido: a morte dos que você ama, o mal que Deus permite e o que você cometeu parecerão participar do milagre que são a existência do universo, a árvore da vida e o plano divino. Aleluia!
Problema: no fim, o mundo concreto terá sido justificado por uma transcendência (a mão de Deus no grande esquema das coisas). Isso é ótimo para um ensaio ou para uma pregação. Para a arte e a poesia, melhor esperar o fim da adolescência e repassar, diria o professor Massariello.
Eu tinha o receio de que "Melancolia", de Lars von Trier, fosse uma espécie de inverso simétrico do filme de Malick: uma meditação sobre a gratuidade da nossa existência, que talvez Massariello achasse tão adolescente quanto "A Árvore da Vida". Mas não foi nada disso.
Parêntese: vários comentadores declaram que se trata de um filme sobre o mal de hoje, a depressão, só que esta não é a doença do nosso tempo, e sim, sobretudo, uma doença que nosso tempo gosta de diagnosticar porque acha que encontrou a pílula certa para curá-la.
Continuando, o mal do qual sofre Justine consiste em perder interesse pela vida concreta, a ponto de não tolerar o que lhe parece ser a farsa de sua própria festa de casamento.


Em geral, esse cinismo cético é fruto de 1) uma consciência moral terrível, pela qual toda experiência concreta, sobretudo se for prazerosa, deve ser culpada ou 2) uma extrema insegurança compensada por uma exaltação narcisista; assim: sou o único a "perceber" que tudo é falso -com isso, sou superior aos outros, ninguém me engana. Essa posição é frequente na adolescência; pense no jovem que, no baile, desesperado por não conseguir se integrar, fica sentado denunciando mentalmente a impostura e os simulacros na valsa dos que dançam.
Nota. A mãe de Justine é clinicamente perfeita. Passando pelo crivo de seu sarcasmo, tudo é apenas hipocrisia: não sobra um mundo no qual a gente possa querer encontrar um lugar.
No "Nascimento da Tragédia", Nietzsche conta que Sileno, companheiro de Dionísio, tendo que responder à pergunta "O que é melhor para o homem?", disse: "O melhor de tudo é inteiramente inatingível: não ter nascido, não ser, nada ser".
Nietzsche simpatizava com Sileno e não recorria a transcendências (divinas ou não) para justificar o mundo. Sua solução era que a vida se justificasse pela arte ou, como dizia Massariello, pelo charme que a poesia lhe confere.
Bom, Von Trier conseguiu dar sentido (e charme) ao fundo do poço. Não perca.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq1808201121.htm

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

O lado sensual da força: Por que o romantismo vira safadeza – ou morre?


Por Pedro Quaresma Cardoso



Texto com ponto de vista interessante enviado por um paciente muito querido:

IVAN MARTINS
É editor-executivo de ÉPOCA

Outro dia eu ouvi no rádio uma moça reclamando de que o sexo com o namorado dela tinha se tornado “pervertido”. Segundo ela, os dois repetiam, toda vez, um mesmo enredo de “palavrões e baixarias”, que ela achava excitante, mas, de alguma forma, frustrante. “Com o namorado que eu tive antes não precisava de nada disso”, ela disse. “Era mais intenso, mais natural. Eu tenho saudades.”

Quando ela terminou de falar, o médico fez as perguntas que eu tive vontade de fazer: há quanto tempo vocês estão juntos? Quanto tempo você ficou com o namorado anterior? As respostas eram previsíveis: alguns anos com o namorado presente, uns poucos meses com o anterior.

A gente nem sempre gosta, mas o sexo muda com a idade e com a duração das nossas relações. Parece haver uma tendência geral em direção ao lado negro e sensual da força.

Quando somos garotos, bem garotos, fazemos sexo com pouco mais do que bons sentimentos. Somos ternos, apaixonados, quase assustados ao transar. É um milagre que dessa combinação romântica e ingênua resulte uma relação sexual completa. Satisfatória? Raramente.

A experiência, porém, muda as pessoas. O desejo feito exclusivamente de delicadezas e suspiros vai dando lugar, aos poucos, a outro tipo de sensações. Em algum momento as mulheres começam a perceber a “pegada” masculina e os homens descobrem, dentro de si, com o auxílio sutil ou descarado das parceiras, um repertório de possibilidades eróticas mais viscerais.

Nessa hora o sexo deixa de ser um esporte (algo feito apenas com o corpo), para se tornar um teatro, em que as palavras e os personagens (antes ocultos pelo pudor) ocupam o centro da cena. Ou da cama. Transar passa a ser, intensamente, uma descoberta do outro e de se mesmo.

Quando essas coisas acontecem? Depende de cada um. Há pessoas que cedo descobrem seu lado escuro e sensual. Outras vão topar com essa parte de si mais tarde. Experiências, sobretudo as de iniciação, parecem determinantes. Assim como a personalidade e a idade dos parceiros. Pesa muito o temperamento de cada um. Às vezes a criação.

Você pode conversar com uma mulher de 30 anos com uma experiência exclusivamente romântica e adocicada de sexo. E topar com outra, 10 anos mais jovem, que surpreende o parceiro pela safadeza ou aspereza do erotismo. Vale o mesmo para os homens. Precoces e degenerados estão em toda parte, assim como o seu oposto. Sexo é uma faceta da personalidade. Cada um tem a sua – e nem sempre é fácil expressá-la.

Quando um sujeito ou uma moça começa a descobrir suas preferências profundas pode topar com uma barreira de ignorância ou resistência. Quem não se lembra de experiências desastradas desse tipo?

O sujeito cheio de desejo começa a dizer umas baixarias no ouvido da moça e ela reage péssimo: “Pare com isso, eu não gosto”. Ou então é ela quem decola sozinha na fantasia, pede umas coisas que moças finas nem sabem que existe e depara com um olhar de reprovação – ou da mais pura perplexidade. Esse tipo de descompasso é sempre broxante.

Mas, a despeito dos acidentes de percurso, parece haver uma regra geral: com o passar do tempo, o romantismo dá lugar à sacanagem como o jeito mais recorrente de fazer sexo, sobretudo no interior dos casais.

Minha impressão é que os casais, com o passar do tempo, descambam inexoravelmente para a sacanagem. Talvez seja o único jeito de manter o sexo vivo no longo prazo. Suspiros e “eu te amo” se esgotam com alguma rapidez. No lugar deles costuma entrar uma robusta e saudável... putaria. Essa não se esgota tão rapidamente e pode ser alimentada interna e externamente por uma infinidade de recursos. Casais com alto grau de cumplicidade e interesse recíproco costumam ter sexo intenso por muito tempo – mas ele raramente é cândido.

Então voltamos à moça do rádio.

Ela estava insatisfeita com a baixaria que tem em casa. Preferia o sexo espontâneo e “natural” que conheceu antes. Pode ser uma questão real de adequação com o parceiro, mas ela talvez tenha apenas saudades de estar apaixonada. Todo mundo já sentiu isso num momento ou em outro. Não há substituto para os hormônios da paixão. Tudo parece sublime, mesmo os fluídos e ruídos mais humanos. É pena que o tempo leve com ele essa sensação maravilhosa. Quando isso acontece, há duas alternativas: explorar o lado escuro e sensual da força ou correr atrás de outra paixão. A moça do rádio, pelo visto, já estava pronta para outra.

Leões tendem a atacar mais quando luar enfraquece

Mitos e lendas como produtos das experiências. Interessante reportagem sobre a evolução cultural com base em comportamentos pró-sobrevivência.

RICARDO BONALUME NETODE SÃO PAULO

Lendas costumam associar a Lua cheia com lobisomens ou outros monstros imaginários. Mas uma pesquisa mostrou que ela é sinal de que você correrá risco de ser devorado por um leão nos próximos dias --se estiver em regiões rurais da Tanzânia.
Ivinotícias
Pesquisa mostra que caça aumenta nos dias depois da Lua cheia
Caça aumenta nos dias depois da Lua cheia, mostra pesquisa
Leões atacaram mais de mil tanzanianos entre 1988 e 2009. Mais de dois terços desses ataques foram fatais.
"A vasta maioria das vítimas foi atacada depois de escurecer", escreveram os autores do estudo, liderado por Craig Packer, da Universidade de Minnesota (EUA), na revista "PLoS ONE".
Não se trata de mera curiosidade científica. A pesquisa ajuda a entender a própria evolução humana.
"Carnívoros noturnos criaram a necessidade de abrigo noturno, controle do fogo e nosso medo inato da escuridão", afirmam os autores.
Os leões são mais perigosos quando a luz da Lua está fraca. Em consequência, a Lua cheia é indicador de perigo iminente --e estaria nisso a explicação de ela ser fonte de tantos mitos.
Na Tanzânia, houve de duas a quatro vezes mais ataques nos primeiros dez dias depois da Lua cheia do que nos dez dias anteriores.
Os pesquisadores também estimaram o tamanho da barriga dos leões adultos na planície do Serengeti e na cratera de Ngorongoro. As barrigas eram "significativamente" maiores nos dias mais próximos da Lua nova.
FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/958041-leoes-tendem-a-atacar-mais-quando-luar-enfraquece.shtml

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Critérios para diagnóstico da depressão podem mudar

Triste

DE WASHINGTON


Os critérios de definição de depressão que resultaram nos números da nova pesquisa mundial são do DSM, o Manual de Diagnósticos e Estatísticas da Associação Americana de Psiquiatria, conhecido como a "bíblia" dos transtornos mentais.
Países ricos têm maiores índices de depressão, diz pesquisa
A obra, hoje na quarta edição, está em reformulação, e alguns critérios para classificar o "transtorno depressivo maior", nome técnico da depressão, podem mudar.
Alguns psiquiatras e psicólogos acham a definição de depressão muito abrangente na versão atual. Para eles, pessoas com reações normais de tristeza estariam sendo diagnosticadas como portadores de um transtorno.
Outros pesquisadores acham que, ao adotar muitos critérios de exclusão, o manual estaria levando a diagnósticos falsos-negativos.
LUTO
Um dos pontos mais polêmicos é a exclusão por luto. Hoje, pessoas com sinais de depressão após a perda de um parente não são diagnosticadas com o transtorno, pois o manual considera que essa reação normal. A nova versão do DSM propõe abandonar o critério.
"Algumas pessoas escreveram que essa mudança levaria ao diagnóstico automático de indivíduos em luto como deprimidos", escreveu Kenneth Kendler, psiquiatra de um dos grupos de trabalho do DSM-5, em comunicado defendendo a proposta. "Isso foi um engano."
Segundo Kendler, os sintomas de quem tem depressão no luto são similares aos de pessoas que adquirem o transtorno após outros traumas. Mas isso não significa um diagnóstico automático.

FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/953246-criterios-para-diagnostico-da-depressao-podem-mudar.shtml

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Minoria trata depressão em SP

FELIPE ODA
TATIANA PIVA
Apenas 37,3% dos paulistanos com episódios de depressão grave recebem algum tipo de tratamento. Essa é uma das conclusões de um estudo mundial sobre a doença publicado ontem pela revista científica BMC Medicine. Na pesquisa, os dados referentes ao Brasil são representados exclusivamente por São Paulo e se referem a um período de coleta de dados compreendido entre 2004 e 2007. A falta de tratamento foi constatada nos 12 meses anteriores à aplicação dos questionários aos pacientes.
Numa lista de 18 países que tiveram seus índices de depressão avaliados, o Brasil apresentou a maior prevalência da doença, com 10,4%. Se comparado aos países que integram o grupo de pesquisa do País (formado por nações de baixa e média renda, como China e Índia), esse índice é altíssimo: a média de prevalência da depressão nessas nações foi de 5,9%. “Isso foi uma surpresa até mesmo para nós. Precisaríamos de um novo estudo para compreender essa prevalência”, afirma a professora Maria Carmen Viana, do Departamento de Medicina Social da Universidade Federal do Espírito Santos (Ufes), uma das responsáveis pelo estudo no País.
No Brasil, as informações foram coletadas pela pesquisa São Paulo Megacity Mental Health Survey, que também tem a coordenação da professora Laura Helena Andrade, do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP. Exatamente 5.037 paulistanos foram entrevistados – eles responderam a um questionário idêntico àquele aplicado aos demais participantes do estudo. No mundo, 89 mil pessoas foram ouvidas pela pesquisa e o Japão apresentou a menor prevalência da doença, com 2,2%.
O mapa da depressão é uma iniciativa da Organização Mundial de Saúde, com coordenação da Universidade de Harvard, nos EUA, e participação de órgãos parceiros. A ideia era estudar a classificação e o grau do transtorno psiquiátrico. Para ser classificada como paciente de depressão grave (caracterizada pela condição duradoura do transtorno, por pelo menos duas semanas), a pessoa deveria preencher cinco de nove critérios da doença.
No Brasil outra constatação que chamou a atenção dos pesquisadores foi a prevalência da doença na população jovem: pacientes com idade entre 18 e 34 anos têm, em média, de 3 a 5 vezes mais probabilidade de sofrer do quadro grave do transtorno – essa mesma situação se aplica aos maiores de 65 anos. Em países de baixa renda, ficou constatado que o início da depressão se dava dois anos mais cedo.
Dos diagnosticados com depressão grave e que tiveram acesso a algum tipo de tratamento (1.878 pessoas, no total), apenas 23% tiveram auxílio de um especialista em saúde mental. Outros 15% foram tratados por clínicos gerais e 0.3% por “serviços comunitários não médicos, como assistentes sociais e igrejas”, segundo a professora Maria Carmen.
A baixa taxa de tratamento nos pacientes depressivos segue o “padrão internacional”, afirma Sérgio Baxter Andreoli, professor do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “São números parecidos aos registrados em outros países. E os que buscam tratamento, correspondem aos pacientes com grau mais avançado da doença.”
Para Evelyn Bromet, da Universidade de Nova York e responsável pelo estudo nos Estados Unidos, os números de prevalência do transtorno são um alerta. “Demonstramos que a depressão é uma preocupação de saúde pública. (Os dados) podem ajudar iniciativas globais para reduzir o impacto da depressão na vida dos indivíduos e reduzir a carga para a sociedade.”
Mulheres
O estudo também confirmou a maior suscetibilidade das mulheres à doença. A proporção é de duas mulheres com o transtorno para cada homem doente.
Participaram do estudo 20 instituições
A Pesquisa Mundial sobre Saúde Mental, realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), é coordenada globalmente pelo professor Ronald Kessler, da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, autor de diversas pesquisas sobre transtornos psiquiátricos. Pesquisadores de 20 centros de várias partes do mundo colaboraram com a coleta de dados para o estudo da OMS, que incluiu análise de outros transtornos, além da depressão.
Os 18 países participantes do estudo sobre depressão foram divididos em dois grupos: alta renda (Bélgica, França, Alemanha, Israel, Itália, Japão, Holanda, Nova Zelândia, Espanha e Estados Unidos) e baixa ou média renda (além do Brasil, Colômbia, Índia, China, Líbano, México, África do Sul e Ucrânia).
Para traçar um mapa da depressão nesses países, o mesmo questionário e critérios para classificação do tipo de transtorno e grau da doença foram utilizados em todas as 89 mil pessoas ouvidas. Mas o alcance do estudo em cada país foi diferente. No Brasil, por exemplo, 5.037 pacientes da região metropolitana de São Paulo participaram da pesquisa. Na Nova Zelândia, cerca de 12 mil pessoas de diversas regiões do país foram ouvidas.
“O que altera muito os resultados”, admite Maria Carmen Viana, professora do Departamento de Medicina Social da Universidade Federal do Espírito Santos (Ufes) e uma das coordenadoras nacionais da pesquisa.
A Organização Mundial da Saúde calcula que 121 milhões de pessoas sofram com episódios graves de depressão no mundo. Segundo a Pesquisa Mundial sobre Saúde Mental, a doença é uma das principais causas de incapacidade em todo o mundo.
“Os dados epidemiológicos, no entanto, não estão disponíveis em muitos países, em especial os de baixa e média renda, como o Brasil”, esclarece a pesquisadora Carmen. “Por isso é tão importante termos esse tipo de estudo de base populacional.”
Medicamentos e terapia ajudam a levar vida normal
Foi por conta de sintomas como tristeza excessiva, dores fortes de cabeça, fraqueza, desânimo, pensamentos de morte e vontade de ficar sozinha, que a costureira M. T. P, de 48 anos, resolveu procurar ajuda. Antes de fazer isso, contudo, passou três anos sofrendo com a doença, sem tratamento. Chegou a passar por vários exames, mas nenhum deles apontava qualquer alteração.
Até que o clínico geral a encaminhou a um psiquiatra. “Não entendia como os exames não apontavam nada já que a gente sofre fisicamente a doença”, conta a costureira. Passados três anos, ela finalmente recebeu o diagnóstico correto e começou o tratamento com medicações e consultas terapêuticas. Mas não reagiu bem aos antidepressivos. “Era como se eles não tivessem efeito.”
Para descobrir o porquê, no ano passado M. fez parte de uma pesquisa na Universidade de São Paulo (USP) para pessoas que não respondem bem a tratamentos contra a depressão. “Continuava não reagindo bem e eles acharam melhor eu interromper a medicação”, lembra. Meses depois, M. descobriu ser também soro positiva para hepatite C, o que pode ter interferido nas reações à medicação. “Hoje em dia o diagnóstico da depressão está muito banalizado. É preciso ter mais cuidado e critério”, opina.
O técnico em eletrônica A. V., de 36 anos, recebeu o diagnóstico da depressão há um ano e, desde então, tem seguido o tratamento. “Tomo remédios todos os dias e faço psicoterapia uma vez por semana”, conta. “Hoje, sou uma pessoa normal, lido com os meus problemas e a pressão no trabalho de uma maneira equilibrada.”
A.V. lembra, no entanto, que nem sempre foi assim. Até descobrir a doença, ele passou por momentos de muita euforia e depressão profunda, o que dificultava seu relacionamento até mesmo com a família.

FONTE: http://blogs.estadao.com.br/jt-cidades/minoria-trata-depressao-em-sao-paulo/

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Filho órfão de pai vivo? – Alienação Parental

Nas últimas décadas houve um significativo aumento no número de divórcios nos lares brasileiros – assim como cresceu também o número de mulheres sozinhas com filhos, dado que são elas que recebem majoritariamente o direito a guarda.
Além das questões emocionais envolvidas em qualquer processo de ruptura afetiva, existe um termo utilizado para definir uma dinâmica patológica que pode ocorrer nos casos de separação não amigável – a Alienação Parental. Há controvérsias quanto a sua denominação – alguns autores chamam de Síndrome da Alienação Parental (embora não conste nos manuais de classificação da área médica). O termo aparece pela primeira vez na literatura em 1985, pelo psiquiatra Richard Gardner.
Em sínese, um dos pais (chamado alienador) passa a desenvolver um comportamento patológico de manipulação da criança para que esta odeie o outro genitor.
O “pai alienador” pode ser homem ou mulher, embora seja mais comum entre as mulheres (muito provavelmente por fatores contextuais, embora faltem pesquisas que apontem uma razão específica para essa diferença de gênero).
Geralmente, a Alienação Parental se inicia com a sensação de abandono ou traição por um dos parceiros, que então passa a se vitimizar e agir de forma a boicotar o ex-parceiro, de modo que este não consiga ter acesso aos filhos. O “alienador” vende para os filhos a imagem de que o outro “pai” é ausente, não “liga para eles”, além de ser visto como o “carrasco” e responsável por toda a dor deixada na família. Armadilha da qual a criança não tem estrutura para sair e acaba crescendo com a sensação de abandono real.  
O problema é que a criança passa, de fato, a odiar o outro genitor, reproduzindo um discurso que não foi de fato vivido e sentido por ela - como se precisasse tomar partido para ser amada. A criança vive um conflito de lealdade: se sente culpada se procura pelo pai ou mãe afastado (a) ou gosta de ficar com ele (a), do contrário é como se estivesse traindo o outro.
Claro, não podemos ignorar que existem situações de negligência real ou abuso sexual, e o conceito de Alienação Parental aí não se aplica, pois o trauma infantil justifica a hostilidade para com o (a) agressor (a) – e por isso o assunto é tão delicado e requer extremo cuidado dos profissionais no momento de elaborar laudos e pareceres – não é fácil detectar se as alegações de abuso e negligência são falsas ou não e, por outro lado, um parecer equivocado pode retirar da criança um vínculo amoroso essencial para sua vida.
Como em todas as situações de conflito, quanto mais cedo se identifica a dinâmica      disfuncional, maiores são as chances de reverter um quadro que, no futuro pode ser muito prejudicial para toda a família, sobretudo para o indivíduo que cresce privado do amor de um dos pais, quando este, na realidade poderia e queria estar presente.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Psiquiatras definem prioridade a crianças

RAFAEL GARCIA
DE WASHINGTON
O combate a doenças mentais hoje tem como principais desafios o treinamento de agentes de saúde locais, o acesso a medicamentos e a atenção dada a crianças.
Esses foram os destaques de um painel que reuniu 400 cientistas, clínicos e representantes de pacientes com problemas mentais. O projeto Grand Challenges in Global Mental Health (Grandes Desafios em Saúde Mental Global), liderado pelos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA, divulgará amanhã o relatório do trabalho no site grandchallengesgmh.nimh.nih.gov.
Mas um sumário-executivo publicado na revista científica "Nature" já trouxe 25 itens que devem ser prioridade nos próximos 10 anos. Das sugestões, 5 foram destacadas como as mais importantes. São aquelas mais capazes reduzir o impacto de doenças mentais, mais viáveis e de retorno rápido.
"Consideramos, por exemplo, que o consumo de álcool e de outras substâncias está entre as principais causas de transtornos, mas não tem sido tratado como prioridade" disse à Folha Pamela Collins, do Instituto Nacional de Saúde Mental dos EUA, coordenadora do projeto.
Ainda segundo o Grand Challenges, a depressão é a terceira doença com mais peso no conceito de "carga de doença" desenvolvido pela OMS -que considera impacto financeiro, mortalidade e perda de qualidade de vida.
Um dos pontos de consenso do relatório foi a necessidade de colocar mais em foco a atenção dada a crianças. "Muitos problemas de saúde mental em adultos têm origem na infância ou na adolescência", diz a psiquiatra Isabel Bordin, da Unifesp, membro do conselho do Grand Challenges.

http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/940174-em-painel-internacional-psiquiatras-definem-prioridade-a-criancas.shtml

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Usar maconha antes dos 15 anos reduz memória em até 30%

GIULIANA MIRANDADE SÃO PAULO


O uso de maconha antes dos 15 anos --quando o cérebro ainda está em processo de amadurecimento- prejudica a capacidade de recuperar as informações, reduzindo a memória dos usuários em até 30%.
Os danos são proporcionais à quantidade de droga usada: quanto mais se fuma, maiores são os estragos. E eles persistem mesmo se houver um período de abstinência de um mês.
Os resultados são de uma pesquisa da Universidade Federal de São Paulo apresentada no 7º Congresso Anual de Cérebro, Comportamento e Emoções, em Gramado (RS).
"Os usuários precoces têm resultados significativamente inferiores também em outras áreas, como a capacidade de controlar seus impulsos", diz a neuropsicóloga Maria Alice Fontes, uma das autoras do trabalho.
Se o uso se inicia após os 15 anos, no entanto, as chances de prejuízo nessas funções diminui.
"Não é que seja o consumo da maconha fique seguro, longe disso. Mas ele se torna menos nocivo, porque o cérebro já passou dessa etapa de desenvolvimento", afirmou a pesquisadora.
O estudo foi publicado na última edição do "The British Journal of Psychiatry".

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/935827-usar-maconha-antes-dos-15-anos-reduz-memoria-em-ate-30.shtml

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Jovem agressor leva violência para a vida adulta

Homens que afirmam ter praticado bullying na infância apresentam um risco maior de desenvolver um comportamento agressivo com seus cônjuges na fase adulta, de acordo com estudo publicado na última edição da revista científica Archives of Pediatrics & Adolescent Medicine. Segundo os pesquisadores, 40% dos homens agressores têm histórico de violência na infância.
Foram entrevistados 1.941 homens, com idade entre 18 e 35 anos. Eles responderam questionários sobre infância, bullying, vitimização, exposição a comportamentos violentos na infância e, entre outros, sobre abuso sexual.
Mais de 40% dos entrevistados alegaram que praticava bullying. Desses, aproximadamente 16% (241) disseram ter cometido algum tipo de violência (física, emocional ou sexual) contra parceiros no ano passado. Do grupo de 241, 38,2% (92) afirmam ter praticado frequentemente bullying na infância e 26,1% (63) deles disseram que as agressões eram raras.
O estudo, coordenado por Kathryn L. Falb, da Harvard School of Public Health, em Boston, assinala que aproximadamente um quarto das mulheres sofrerão violência de cônjuges que trazem já da infância esse perfil violento.
No Brasil, o assunto é novo e carece de informações mais precisas sobre o bullying em gerações passadas, segundo Cleo Fante, autora de vários livros sobre o tema – o último, intitulado “Bullying, intimidação no ambiente escolar e virtual” (Editora Conexa, 2009).
“Os estudos internacionais (anteriores a esse) já vêm demonstrando que, se a criança não for reorientada, terá grandes riscos de desenvolver delinquência, violência doméstica ou atos de assédio moral no trabalho”, diz a escritora. “O autor do bullying também é um ser que, dado seu comportamento, clama por socorro.”
Presidente da ONG Educar contra o bullying, Cristiane Ferreira da Silva Almeida também acredita que a criança agressora, se não for tratada vai reproduzir, na fase adulta, o comportamento agressivo da infância. Para ela, quem agride também deve ser visto como vítima. “A criança replica o modelo e as atitudes que observa em casa, por exemplo”, diz. Essa é a principal dificuldade na hora de tratar os autores da violência, na opinião de Cristiane. “É difícil para os pais assumirem que o filho é agressor. É admitir uma deficiência na criação ou problemas no núcleo familiar.”
“A prática de bullying se baseia em um tripé formado pelo agressor, vítima e espectador”, diz a psicopedagoga Maria Irene Maluf, especialista em educação e neuroaprendizagem. “Mas os papéis não são fixos. A vítima também transita pelos outros. Se os dois (vítima e agressor) não forem tratados, o comportamento não será alterado.”
Os especialistas concordam que pais e professores devem ficar atentos ao comportamento alterado, manipulador e dominador das crianças em casa e na escola. “Vítima ou agressor, é preciso levá-las a um psicólogo para receber orientações profissionais adequadas”, orienta Maria Irene. Em São Bernardo, no ABC, a ONG Fundação Criança oferece reabilitação, com psicólogos e educadores, tanto para vítimas quanto para praticantes de bullying.

Fonte: http://blogs.estadao.com.br/jt-cidades/jovem-agressor-leva-violencia-para-a-vida-adulta/

domingo, 29 de maio de 2011

Amamentação pode reduzir riscos de obesidade, aponta estudo da Unifesp

Análise revela que quem recebeu só leite até os 6 meses é menos gordo. Estudo com 118 jovens foi apresentado em congresso de obesidade em SP.

Luna D'Alama Do G1, em São Paulo
 
Uma análise de dados de 118 adolescentes obesos entre 14 e 19 anos atendidos pelo Grupo de Estudos da Obesidade da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) mostra que quem recebeu exclusivamente leite materno até os seis meses de idade – uma recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) – apresenta hoje menor índice de massa corporal (IMC), taxa de gordura e circunferência da cintura.
A nutricionista Débora Masquio, que apresentou o estudo no 14º Congresso Brasileiro de Obesidade e Síndrome Metabólica, na capital paulista, entrevistou os pais desses jovens para saber o peso deles ao nascer e o período de amamentação exclusiva (nunca, de 1 a 5 meses ou até 6 meses). O trabalho serviu como dissertação de mestrado, a ser defendida até o fim do ano.
Segundo Débora, dados da literatura médica apontam que crianças desmamadas precocemente podem, ainda, ter um maior consumo de proteínas. Além disso, os adolescentes que nunca receberam apenas leite materno tiveram menor concentração de um hormônio chamado adiponectina, que facilita a perda de peso e melhora a sensibilidade à insulina, entre outras funções. Essa deficiência foi observada também entre aqueles (18 no total) que nasceram com peso insuficiente (abaixo de 2,9 kg, segundo parâmetros da OMS).
saiba mais

O baixo peso no nascimento vem sendo associado à obesidade, hipertensão e a outras doenças durante a vida adulta. Na literatura científica, esses bebês também costumar apresentar ganho de peso excessivo nos primeiros meses e alterações no pâncreas e nos rins.
Concluída a primeira fase do estudo, Débora pretende avaliar outros fatores, como consumo alimentar e hormônios desses adolescentes.
Fonte: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2011/05/amamentacao-pode-reduzir-riscos-de-obesidade-aponta-estudo-da-unifesp.html

terça-feira, 24 de maio de 2011

Obesidade é socialmente contagiosa, diz estudo

FOLHA DE SP

DE SÃO PAULO

A obesidade é socialmente contagiosa, diz um estudo da Universidade do Estado do Arizona (EUA).
Segundo os autores da pesquisa, antropólogos, o fato de que a obesidade se espalha entre amigos e parentes já era conhecido. Eles queriam observar como isso acontecia.
Eles entrevistaram 101 mulheres e 812 de seus amigos mais próximos e parentes.
Comparando o índice de massa corporal dessas mulheres aos de seus parentes e amigos, os pesquisadores confirmaram que o risco de obesidade aumenta se a rede de contatos da pessoa tem mais obesos.
A equipe examinou três possibilidades para a disseminação da obesidade por meio de conexões sociais.
Todas têm a ver com ideias compartilhadas sobre o que é peso adequado para essas pessoas.
"Você pode saber o que seus amigos acham que é um peso aceitável e mudar seus hábitos para alcançar essa meta. Ou você pode não concordar com o que seus amigos pensam mas se sentir pressionado a atingir esse ideal. Ou, ainda, você pode formar uma noção de peso adequado observado os corpos de seus amigos e parentes, o que acaba mudando seus hábitos de alimentação e exercícios.", afirma Daniel J. Hruschka, antropólogo e líder do estudo.
O fator de influência mais forte foi a observação, segundo os pesquisadores. Mesmo assim, sua ação é limitada. Outros fatores como comer e se exercitar junto com os amigos podem ser mais importantes do que os mecanismos analisados.
O estudo analisou também o estigma da obesidade. As voluntárias foram questionadas sobre se preferiam ser obesas ou ter problemas como alcoolismo ou herpes. Em muitos casos, as mulheres preferiam sofrer desses problemas a serem gordas. Cerca de 25% delas preferiam ter depressão grave à obesidade, e 14,5% preferiam ser cegas do que gordas.
"Esse estudo é importante porque mostra que apesar de o agrupamento de pessoas obesas ser uma realidade, não são as ideias similares sobre peso ideal que causam isso", afirmou Alexandra Brewis, uma das autoras do trabalho. "Precisamos nos concentrar no que as pessoas fazem juntas e não no que elas pensam."

http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/919883-obesidade-e-socialmente-contagiosa-diz-estudo.shtml

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Droga que ajusta relógio biológico é eficaz contra depressão, diz estudo



Remédio similar à melatonina, hormônio do sono, faz parte de nova classe de antidepressivos
Medicamento já é vendido no Brasil; especialistas dizem que nem todo paciente se adapta ao tratamento

JULIANA VINES
DE SÃO PAULO

Um remédio que imita a ação do hormônio do sono é eficaz contra depressão, diz revisão de estudos publicada hoje no periódico "Lancet".
A substância testada foi a agomelatina, que, por ser similar à melatonina ""hormônio que atua à noite"" ajuda a regular o relógio biológico.
Segundo os autores do estudo, pesquisadores das universidades de Sydney e Central Queensland, Austrália, existe uma relação direta entre depressão e desequilíbrio dos ritmos biológicos, marcados pelo horário e pela duração do sono e da vigília.
Uma mudança no relógio biológico pode resultar em alterações metabólicas.
Cerca de 80% das pessoas que têm depressão sofrem de alguma alteração no sono. O inverso também vale: insones têm maior chance de ter transtornos de humor.
"Até pouco tempo, pensava-se que os distúrbios do sono eram um sintoma da depressão. Hoje, sabemos que eles podem levar ao desenvolvimento da doença", afirma a psiquiatra Gisele Minhoto, professora da PUC-PR.

ANTIDEPRESSIVO
A melatonina sozinha, vendida em cápsulas no exterior e pela internet, não é um antidepressivo. A agomelatina, além ser similar ao hormônio, age no neurotransmissor serotonina, como outros antidepressivos.
De acordo com os pesquisadores, que revisaram 105 trabalhos sobre o tema, a droga é tão eficaz quanto os antidepressivos tradicionais, com a vantagem de não ter os mesmos efeitos colaterais (não causa perda de libido ou irritações gastrointestinais).
A longo prazo, os pacientes têm a metade das recaídas em relação ao grupo-controle, dizem os autores do estudo, que declararam ser patrocinados pela Servier, fabricante do Valdoxan, droga à base de agomelatina.
O remédio é vendido no Brasil por, em média, R$ 200.
"É uma nova classe de medicamentos, eficaz e com ação mais localizada. Por isso, tem menos efeitos colaterais", diz José Alberto Del Porto, psiquiatra da Unifesp.
Ele afirma que receita a droga para pacientes depressivos com alterações no sono e para os que não toleram os efeitos colaterais dos outros antidepressivos.
O neurologista John Araujo, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, diz que a droga pode causar tontura e boca seca. "É cedo para receitá-la em larga escala. É preciso fazer mais estudos."
FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/saude/sd1805201102.htm

Consumo excessivo de álcool danifica memória de jovens


Pesquisadores espanhóis descobriram que uma bebedeira pode destruir a memória de longo prazo de jovens adultos.
A informação foi publicada nesta terça-feira (17) no site do jornal britânico "The Telegraph".
Eles acreditam que o consumo abusivo de álcool torna mais difícil a construção de novas memórias, pois o hipocampo --uma área no centro do cérebro que desempenha papel-chave na aprendizagem e memória-- é muito suscetível aos seus efeitos tóxicos.
A descoberta é preocupante, pois a embriaguez é um problema crescente no Reino Unido e em outros países europeus, particularmente em jovens e universitários.
O estudo com universitários descobriu que o consumo excessivo de álcool afeta a memória declarativa --uma forma de memória de longo prazo. Os estudantes mostraram uma redução na capacidade de aprender novas informações que lhes são transmitidas verbalmente.
Em uma escala, eles obtiveram as menores pontuações em dois testes para saber quanto conhecimento eles retiveram e recolheram.
Segundo a pesquisadora Maria Parada, da Universidade de Santiago de Compostela, "em países do norte europeu, há uma forte tradição de consumo esporádico, orientado, de álcool. Em contraste, os países da costa do Mediterrâneo, como a Espanha, são tradicionalmente caracterizados por um consumo mais regular de baixas doses de álcool."
"É importante examinar os efeitos do álcool no hipocampo, pois em estudos com animais, especialmente em ratos e macacos, esta região parece sensível aos efeitos neurotóxicos do álcool, e ela desempenha um papel fundamental na memória e aprendizado. Em outras palavras, o consumo excessivo de álcool pode afetar a memória de jovens adultos, o que pode prejudicar o seu dia a dia."
O estudo, publicado na revista "Alcoholism: Clinical & Experimental Research", analisou 122 estudantes universitários espanhóis, com idades entre 18 a 20 anos. Eles foram divididos em dois grupos: os que beberam e os que se abstiveram.
Foram então submetidos a uma avaliação neuropsicológica que incluiu recordar experiências visuais e verbais.
"Nossa principal descoberta foi uma clara associação entre o consumo excessivo de álcool e a menor capacidade de aprender novas informações verbais em universitários saudáveis, mesmo após o controle de outras possíveis variáveis, como nível intelectual, histórico de distúrbios neurológicos ou psicopatológicos, uso de outras drogas, ou histórico familiar de alcoolismo", disse Parada.
FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/917006-consumo-excessivo-de-alcool-danifica-memoria-de-jovens.shtml

terça-feira, 3 de maio de 2011

Droga para deficit de atenção tem uso excessivo, diz estudo

Pesquisa com 6.000 jovens no Brasil aponta que a maioria dos usuários desse medicamento teve diagnóstico errado

Venda do remédio no país subiu 1.500% em 8 anos; efeitos colaterais incluem taquicardia e perda do apetite patrícia Britto

PATRÍCIA BRITTO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Quase 75% das crianças e dos adolescentes brasileiros que tomam remédios para deficit de atenção não tiveram diagnóstico correto.
O dado é de um estudo de psiquiatras e neurologistas da USP, Unicamp, do Instituto Glia de pesquisa em neurociência e do Albert Einstein College of Medicine (EUA), que será apresentado no 3º Congresso Mundial de TDAH (transtorno de deficit de atenção e hiperatividade), no fim do mês, na Alemanha.
A pesquisa colheu dados de 5.961 jovens, de 4 a 18 anos, em 16 Estados do Brasil e no Distrito Federal.
Os autores aplicaram questionários em pais e professores para identificar a ocorrência do transtorno, tendo como base os critérios do DSM-4 (manual americano de diagnóstico em psiquiatria).
As informações foram comparadas aos relatos dos pais sobre o diagnóstico que seus filhos receberam de outros profissionais, antes do período das entrevistas.
Só 23,7% das 459 crianças que haviam sido diagnosticadas com deficit de atenção realmente tinham o transtorno, segundo os critérios do manual. Das 128 que tomavam remédios para tratá-lo, só 27,3% tinham o problema, segundo os pesquisadores.
"Isso mostra que há muitos médicos prescrevendo o remédio, mas que não conhecem bem o problema", diz o neurologista Marco Antônio Arruda, coautor do estudo e diretor do Instituto Glia.
O remédio usado para tratar o transtorno é o metilfenidato, princípio ativo da Ritalina e do Concerta. A substância é da família das anfetaminas e age sobre o sistema nervoso central, aumentando a capacidade de concentração.
Entre os efeitos colaterais causados pela droga estão taquicardia, perda do apetite e o desenvolvimento de quadro bipolar ou psicótico em pessoas com predisposição.
Guilherme Polanczyk, psiquiatra da USP, relativiza a conclusão do estudo. "Muitas das crianças avaliadas podem estar sem sintomas por conta do uso dos remédios."
FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/saude/sd0305201101.htm

domingo, 1 de maio de 2011

Conheça as doenças mentais mais comuns e saiba onde procurar ajuda

27/04/2011 06h38 - Atualizado em 27/04/2011 08h52

Conheça as doenças mentais mais comuns e saiba onde procurar ajuda

Transtornos ligados à depressão e ansiedade são os mais frequentes.
Postos e centro de atenção psicossocial são opções para atendimento.

Giovana Sanchez

Os transtornos mentais acometem, em algum momento da vida, ao menos 20% da população mundial. No Brasil, os cuidados com a saúde mental no sistema público sofreram uma reforma que começou há quase 20 anos e que procura evitar as internações em hospitais psiquiátricos, criando mecanismos de diagnóstico e tratamento mais amplos, com equipes multidisciplinares. Um dos exemplos da mudança é a criação dos Centros de Atenção Psicossocial, os Caps, implantados no Brasil em 1986 e que hoje já somam 1.620 em todo o país.
Apesar das mudanças, especialistas na área consideram a rede de atendimento público ainda insuficiente. Das 436 unidades básicas de saúde do município de São Paulo, por exemplo, 122 oferecem atendimento psiquiátrico, menos de 30%. Segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde, nenhum hospital municipal faz atendimento ambulatorial psiquiátrico, como consultas agendadas, por exemplo, e apenas sete hospitais e três prontos-socorros de gestão municipal atendem emergências.
"O resultado disso é uma sobrecarga aos serviços dos hospitais-escola pela ineficiência do sistema ambulatorial das unidades básicas de saúde. Todos os dias pelo menos 10 pedidos de internação psiquiátrica não podem ser atendidos na cidade porque não há vagas", explica Valentim Gentil Filho, chefe do departamento de psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria, transtornos mentais são a segunda causa dos atendimentos de urgência. Uma pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) de 2006 realizada no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Marília, no interior de São Paulo, mostrou que 16% dos pacientes atendidos apresentaram transtornos mentais e do comportamento.
tabela doenças mentais (Foto: Arte/G1)
Onde ir
Quando observado algum sintoma de depressão, ansiedade ou qualquer outro tipo de confusão mental, deve-se procurar uma unidade básica de saúde com atendimento psiquiátrico ou o ambulatório de psiquiatria de hospitais-escola como o Hospital das Clinicas, em São Paulo. Após uma avaliação, o paciente poderá ser encaminhado, dependendo do caso, para um hospital com atendimento psiquiátrico ou para um Caps.
A internação é reservada a casos graves. As residências terapêuticas são alternativas de moradia para pessoas internadas há anos em hospitais psiquiátricos. O programa 'De Volta Para Casa', criado pelo governo federal em 2003, oferece auxílio mensal de R$ 320 para os pacientes que receberam alta hospitalar após internação psiquiátrica.
Transtornos comuns
As doenças psiquiátricas mais comuns na população são a depressão e os transtornos de ansiedade. Segundo o médico do departamento de psiquiatria da Unifesp Adriano Resende Lima, aproximadamente 10% das mulheres e 6% dos homens vão ter um episódio depressivo ao longo da vida.
"Hoje a depressão é o segundo maior problema de saúde pública no mundo, de acordo com dados da OMS [Organização Mundial da Saúde]. É importante a população saber que transtornos depressivos e ansiosos são comuns e causam grande impacto", explica o psiquiatra.
Segundo ele, é preciso diferenciar sofrimentos emocionais comuns de um transtorno depressivo. "Não é qualquer tristeza que é depressão. No caso da doença, há uma tristeza profunda, o indivíduo tem um grande grau de sofrimento, desânimo acentuado e há a perda da vontade e da capacidade de realizar tarefas. Nesses casos, a família geralmente fica mobilizada e o indivíduo fica inativo, improdutivo."
Os transtornos ansiosos são: pânico, com incidência de 3,5% na população; e o transtorno de ansiedade generalizada, com 3,4%. A esquizofrenia é uma doença considerada rara, que afeta 1% da população.
Há duas linhas complementares de tratamento para os transtornos mentais comuns: o farmacológico, com remédios, e o psicoterapeutico, com diferentes tipos de terapia. Para a depressão e ansiedade geralmente são ministrados antidepressivos, que variam de acordo com a natureza do caso.
Caps
A reforma do sistema psiquiátrico brasileiro criou os Caps e tenta ainda minimizar as internações psiquiátricas. A ideia é que a hospitalização seja realizada apenas em casos graves, ao contrário do que ocorria antes, quando os manicômios eram uma das poucas opções para quem sofria de doenças mentais. Nos últimos quatro anos, 6.832 leitos de hospitais psiquiátricos foram eliminados. Em 2010 ainda havia 32.735 desses leitos ativos.
Pacientes do Caps Itapeva têm instrução de computação e desenho (Foto: Giovana Sanchez/G1)Pacientes do Caps Itapeva têm instrução de computação e desenho (Foto: Giovana Sanchez/G1)
Hoje existem em todo Brasil 1.620 Caps, que oferecem tratamento multidisciplinar com psiquiatras, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, nutricionistas, clínicos gerais e terapeutas ocupacionais. Para casos de dependência química e de álcool e atendimento infantil há Caps especializados.
No primeiro Caps aberto no país, da Rua Itapeva, em São Paulo, se tratam hoje 600 pacientes, que recebem três refeições, atividades recreativas e corte de cabelo. O centro está capacitado para atender casos de esquizofrenia, transtorno bipolar, depressões graves e transtorno de personalidade. A equipe que trabalha com os pacientes é de 50 pessoas.
A Região Nordeste é a que tem mais Caps, com 597 unidades para 51,8 milhões de habitantes, seguida pelo Sudeste, com 538 Centros para 80,3 milhões de pessoas. O Norte tem o pior número, com apenas 87 unidades para 15,8 milhões. Ao todo há um Caps para cada 151,5 mil brasileiros.
“Faltam investimentos e faltam Caps. Também faltam unidades básicas de saúde com capacidade para atender os transtornos mentais. É preciso uma política nacional que realmente olhe para o problema de forma abrangente e forneça recursos”, diz o psiquiatra Marcel Higa Kaio, diretor técnico do Caps Itapeva.

Fonte: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2011/04/conheca-doencas-mentais-mais-comuns-e-saiba-onde-procurar-ajuda.html