domingo, 27 de fevereiro de 2011

FOLHA de SP - Scanner de cérebro identifica tendência violenta em criança

As evoluções na ciência são fascinantes, mas é necessário critério, cautela e discernimento para que não sejam entendidas como verdade absoluta nem utilizadas pelos profissionais da saúde como mecanismo de rotulação de patologias quando não há necessidade. Boa leitura. Pedro Q. Cardoso

Traços de falta de empatia em crianças podem ser um sinal de futuros comportamentos antissociais e violentos, apontam dados apresentados nesta semana na conferência anual da AAAS (Associação Americana para o Avanço da Ciência), em Washington.
Segundo pesquisadores, o escaneamento do cérebro e avaliações precoces podem ajudar a identificar e tratar esses traços, prevenindo problemas de conduta.

SPL
Determinadas áreas do cérebro, como amídala e córtex pré-frontal, geralmente são reduzidas em mentes de psicopatas
Determinadas áreas do cérebro, como amídala e córtex pré-frontal,
geralmente são reduzidas em mentes de psicopatas

"Crianças com altos níveis de traços de falta de empatia e problemas de conduta entre 7 e 12 anos tendem a desenvolver hiperatividade e a viver em um ambiente caótico", diz a professora assistente de justiça criminal da Universidade de Indiana (EUA), Nathalie Fontaine. Ela acrescenta que é um risco potencial para desenvolver a psicopatia em adultos.
Fontaine declarou na conferência que se a identificação dessas crianças ocorrer cedo, tanto elas quanto suas famílias poderão ser ajudadas na prevenção de comportamentos severamente antissociais.
O jornal "The Daily Telegraph" cita estudos do professor e criminologista britânico Adrian Raine, que apontam que criminosos e psicopatas têm áreas do cérebro --como a amídala e o córtex pré-frontal-- reduzidas. Essas áreas controlam nossos impulsos, nossa cooperação social e nossas noções de moral.
Raine disse na conferência em Washington, segundo o Telegraph, que a ausência do medo da punição, que pode ser medida em bebês, também seria um indicativo de futuros comportamentos antissociais, e defende a importância de medições que identifiquem isso.

RISCOS E ÉTICA

A professora da Universidade de Indiana enfatiza que suas descobertas não significam que algumas crianças com falta de empatia necessariamente se tornarão delinquentes, mas que a identificação precoce desses traços pode ajudá-las a lidar com o risco de comportamento antissocial.
Para ela, punições não são eficazes para lidar com o problema. Uma possível solução é reforçar o comportamento positivo dessas crianças, em vez de castigar o negativo.
A pesquisadora examinou dados de mais de 9.000 gêmeos nascidos no Reino Unido entre 1994 e 1996, e cerca de um quarto deles apresentou níveis altos ou oscilantes de empatia.
De acordo com a apresentação de Fontaine, níveis ascendentes de falta de empatia estão associados a mais problemas comportamentais ao longo do crescimento.
Os dados analisados por ela indicam que os traços de falta de empatia derivam, na maioria das vezes, de influências genéticas, principalmente em meninos. Mas, no caso das meninas, fatores ambientais parecem exercer influência significativa.
Por isso, ela faz a ressalva de que suas conclusões se beneficiariam de avaliações desses fatores ambientais ou de risco, como negligência ou abuso infantil.
Segundo o Telegraph, a conferência abordou também as implicações éticas de se tratar crianças antes que elas tenham de fato cometido algo errado, mas, para Raine, as causas biológicas do comportamento não podem ser ignoradas.
"Temos que buscar as causas do crime tanto nos níveis biológicos e genéticos como nos sociais", disse o especialista.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/bbc/880301-scanner-de-cerebro-identifica-tendencia-violenta-em-crianca.shtml

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