sábado, 26 de fevereiro de 2011

Guia para líderes pede mais fábulas e menos planilhas

Achei o ponto de vista sobre auto-ajuda interessante principalmente para quem precisa se comunicar com a equipe de maneira flúida e rápida.  Uma ponte entre os conhecimentos acadêmicos e o contato com as demandas da prática.  Compartilho com vocês.  Boa leitura. Pedro



CRÍTICA APRENDIZAGEM Guia para líderes pede mais fábulas e menos planilhas

Contar histórias é a melhor estratégia de comunicação, dizem consultores



A DEFESA DA "PROSA" É TAMBÉM UMA DEFESA DA COMUNICAÇÃO QUE INCLUI RELAÇÕES DE CAUSA E CONSEQUÊNCIA




DE SÃO PAULO

"As Sete Leis da Aprendizagem" reúne elementos típicos da literatura de motivação: voltado aos "líderes", "reinventa a roda" e, seguindo uma tendência que o leitor já viu nas listas dos mais vendidos, tem um número na capa. Mas vai além disso.
O número indica que a obra contém listas fáceis de digerir. O didatismo -ou a superficialidade- é um dos elementos que desagradam aos leitores mais afeitos à escrita acadêmica.
Para quem não vê problema na pobreza das citações bibliográficas ou quer se iniciar nos guias de liderança, no entanto, este é um exemplo de boa amarração de diversos "truques" do gênero. Como é praxe, o livro se concentra nas referências recorrentes do gênero, mesmo que se pudesse esperar um pouco mais de remissões à história da pedagogia.
Estão lá o best-seller Stephen Covey (de "Sete Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes") e a psicologia de Abraham Maslow (1908-70, o criador da "pirâmide de necessidades").
Porém, ao falarem de conceitos comportamentalistas de aprendizagem, os autores preferem citar a narrativa idílica "Walden" (1854), de Thoreau, a "Walden 2" (1948), o romance de Skinner sobre a técnica do reforço positivo.
Por outro lado, a preferência por invocar Gandhi, Eva Perón e a tradição indígena norte-americana em vez de teorias enfadonhas neste caso não é mero artifício para facilitar a leitura: é a exemplificação da tese do livro.
As "leis", de "todos nascemos para aprender" a "o aprendizado pode mudar vidas", têm como ponto central a ideia de que a comunicação por meio da contação de histórias é mais eficiente.
Além de justificar as constantes anedotas provindas da experiência dos autores em consultoria (outro ingrediente típico do ramo), esse argumento é o ponto forte do livro por duas razões.
A primeira, empiricamente evidente, é que histórias, especialmente aquelas que contenham assuntos do interesse dos ouvintes (sejam alunos, sejam colegas de trabalho), atraem maior atenção do que dados brutos.
Aqui reside a "reinvenção da roda", pois os autores nada mais que exploram um conhecimento que todo professor tem -no Brasil, inscrito de uma forma mais geral no primeiro artigo da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: "a educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social".
Mas a defesa da "prosa" é também uma defesa da comunicação estruturada, aquela que contém não somente um mandamento, mas uma relação de causa e consequência.

MORAL DA HISTÓRIA
O ouvinte vai aprender mais se souber por que deve ou não fazer isto ou aquilo; os autores supõem que vai ser mais fácil passar essas razões por meio de parábolas ("Em vez de salas escuras, canetas apontadoras e planilhas em PowerPoint, fomos brindados com metáforas", comemora o narrador ao recontar uma experiência).
O capítulo 5, dedicado a essa ideia central, é um emblema da literatura motivacional. Para começar, usa o exemplo de Jesus Cristo (como "O Monge e o Executivo", em que o monge, cristão, resume a liderança ao amor, entendido como "ágape").
O mesmo capítulo simplifica demais a filosofia (Platão, o da alegoria da caverna, é invocado para sustentar a suposição de que a cultura ocidental rejeite as fábulas).
E resume didaticamente as lições num quadro ao final. Nem toda anedota nessa obra é divertida: a definição de George W. Bush como orador impactante, por exemplo, pode ser recebida com estranhamento por alguns.
Em outro caso, no início do livro, aprendemos que, na cultura indígena hopi, cada indivíduo é um professor.
Uma generalização desse princípio teria consequências revolucionárias no conceito de estrutura hierárquica adotado na maioria das organizações; mas aparentemente essa seria uma história longa demais para os autores. (EGN)

AS SETE LEIS DA APRENDIZAGEM

AUTORES Hyrum Smith, Richard Godfrey e Gerreld Pulsipher
TRADUÇÃO Ana Gibson
EDITORA Campus-Elsevier
QUANTO R$ 55,90 (224 págs.)

fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/me2602201102.htm

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