A concepção tradicional de autocontrole na cultura ocidental não é nova e nem desconhecida da maioria das pessoas. Autocontrole é geralmente sinônimo de força de vontade, capacidade de enfrentar situações difíceis, ter um poder interior, conseguir resistir a tentações, ser emocionalmente forte, entre outros. As concepções que apontam para esses sinônimos, de alguma maneira, tentam explicar o comportamento de autocontrole através de um agente iniciador interno.(Castanheira, 2001; 1993; Skinner, 1989/1991).
No entanto, para Skinner (1953/2000), a necessidade de um agente interno (força de vontade, poder interior, desejo, vontade, etc) para explicar qualquer comportamento, incluído o comportamento de autocontrole, não é útil para uma análise científica do comportamento, porque desvia sua atenção das variáveis ambientais das quais o comportamento realmente é função. Neste sentido, o comportamento de autocontrole deve ser analisado como qualquer comportamento operante, ou seja, por meio da análise da relação da resposta do organismo com as variáveis ambientais.
Skinner (1953/2000), ao definir pela primeira vez o conceito de autocontrole em seu livro "Ciência e Comportamento Humano", diz que:
Com freqüência o indivíduo vem a controlar parte de seu próprio comportamento quando uma resposta tem conseqüências que provocam conflitos - quando leva tanto a reforço positivo quanto a negativo. (Skinner, 1953/2000, p.252.).Assim, Skinner afirma que o comportamento de autocontrole está diretamente relacionado a uma escolha de respostas concorrentes: pode ser que o indivíduo tenha que escolher entre duas respostas que levem a conseqüências com o mesmo valor, ou a uma resposta que seja reforçada imediatamente e punida em longo prazo, ou vice versa. Isto implica que o comportamento de autocontrole vai ser caracterizado como aquele decorrente de contingências conflitantes, nas quais o indivíduo tenha que escolher entre duas respostas que têm diferentes conseqüências. Exposto desta forma, o autocontrole pode ser inicialmente definido como a manipulação do ambiente, por uma pessoa, de maneira a alterar seu próprio comportamento em função de uma determinada conseqüência. (Nico, 2001; Skinner, 1953/2000).
Fonte: http://pepsic.homolog.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1517-55452006000100008&script=sci_arttext
Autor: Robson Nascimento da Cruz
PUC Minas - Unidade São Gabriel
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